Orgulhoso com a carreira, Herbert regressa ao ténis para concretizar “muitos sonhos”

Sara Falcão/FPT

OEIRASPierre-Hugues Herbert tem um palmarés que para a maioria dos jogadores não passa de um sonho, mas não está satisfeito: estrela da variante de pares, o francês regressou aos courts depois de seis meses de ausência por causa da primeira grande lesão da carreira e no Indoor Oeiras Open — que elegeu como ponto de partida — falou dos grandes objetivos que tem para os anos que ainda espera ter pela frente, nomeadamente nos singulares e com os muito especiais Jogos Olímpicos de Paris 2024 sempre em mente.

“Acima de tudo estou muito, muito feliz por ter conseguido a minha primeira vitória desde que me lesionei”, disse, de sorriso rasgado, em conferência de imprensa após dar a volta ao terceiro cabeça de série do Challenger do Jamor na segunda-feira.

“Ser capaz de disputar um encontro de singulares na semana passada, mais quatro em pares, e agora estar aqui com uma vitória que me garante pelo menos mais um encontro é algo que me deixa muito orgulhoso”, acrescentou Herbert, que em junho escorregou na relva do Challenger de Ilkley, em Inglaterra, e sofreu uma lesão nos ligamentos do joelho esquerdo.

Não houve rutura total nem foi necessária uma operação, mas daquela escorregadela resultou a primeira grande lesão de um jogador que, desde os tempos de júnior (foi número nove mundial) até se tornar numa verdadeira estrela de pares, teve a sorte de fintar os problemas físicos.

Os seis meses longe da competição levaram-nos a questioná-lo sobre a dureza do processo, mas a resposta surpreendeu: “Para ser sincero foi muito fácil”, respondeu com um sorriso. “Fiquei em casa com a família a aproveitar o meu tempo livre. É claro que mentalmente não é fácil ficar afastado da competição, mas depois de 10 anos no circuito soube-me bem e permitiu-me passar mais tempo com a família e com as pessoas que não consigo ver quando estou a viajar. Fui capaz de aproveitar muitas coisas, casei-me e aproveitei o tempo com a minha mulher e a minha filha.”

Os olhos brilham quando Herbert pensa na família (que depois da primeira semana no Jamor voltou para casa) e explica o quanto ser pai mudou a sua perspetiva… de tudo. “Mudou-me por completo enquanto tenista, enquanto pessoa e enquanto parceiro. É algo que não compreendes verdadeiramente até ao momento em que acontece, mas tive muita sorte e agora que já passaram dois anos e meio já estou adaptado.” Tudo boas notícias, até porque dentro de poucos meses voltará a passar pela experiência de ser pai.

Mas agora que o período longo em casa, com os seus, está para trás das costas, Herbert está pronto para o percurso que tem pela frente: “É um processo longo, mas neste momento estou feliz por voltar a ser um tenista profissional e voltar a jogar”.

O francês, que se prepara para celebrar o 32.º aniversário, reconheceu que “não é fácil” estar a competir num torneio do circuito secundário em vésperas do Australian Open, depois de ter passado “cinco, seis anos ao mais alto nível e a participar em torneios do Grand Slam”, mas a pequena-grande-vitória que é a superação da lesão permite-lhe encarar de forma positiva a sua situação atual.

E na hora de falar dos objetivos que o movem neste regresso não se inibiu: com foco nos singulares, mas sem desprezo pela variante que descreve como fundamental para o sucesso que alcançou, Pierre-Hugues Herbert quer superar-se. “Tenho muitos sonhos. Um deles é conquistar o meu primeiro título de singulares em torneios ATP. Já joguei quatro finais, por isso conquistar finalmente um título seria um sonho realizado. Mas sei que estou muito longe de chegar a esse momento, por isso tenho de ser humilde, pensar no processo e começar com objetivos mais pequenos, como regressar ao top 100, aos torneios do Grand Slam e a partir daí ir o mais longe possível.”

“Tive muito sucesso nos pares, mas ainda há muitas coisas que quero alcançar nos singulares. E se quero ser feliz no circuito e jogar as duas variantes preciso de melhorar o meu ranking de singulares, porque neste momento não posso fazê-lo em ambas [nos melhores torneios]. Acredito que ainda tenho alguns anos pela frente, talvez cinco, em que consigo ser competitivo em singulares e quero aproveitá-los ao máximo. Mas os pares foram muito importantes para a minha carreira e nunca teria sido quem sou sem eles, por isso quero encontrar um balanço”, acrescentou.

Por esta altura a conversa já vai longa, mas Herbert não demonstra ter pressa. Pelo contrário, responde detalhadamente a cada uma das perguntas — e a que diz respeito aos momentos que mais o orgulham não é exceção.

“O que alcancei com o Nico [Nicolas Mahut] é simplesmente incrível e teria aceite logo no início se me dissessem. Ganhámos cinco títulos do Grand Slam e pelo menos uma vez cada um dos torneios, ganhámos dois ATP Finals, faltam-nos apenas dois ou três ATP Masters 1000 e ganhámos a Taça Davis com a França… É difícil fazer melhor”, afirma rapidamente com um grande sorriso, antes de uma referência esperada: “A única coisa que nos faltou foi os Jogos Olímpicos. E teremos os Jogos Olímpicos em Paris em 2024.”

O caminho que tem pela frente por causa da lesão leva-o a ser relativamente comedido — ou pelo menos cauteloso — na hora de abordar a grande competição que a capital francesa receberá dentro de aproximadamente 20 meses, mas ainda assim não sobram dúvidas: “É claro que sonho com os Jogos Olímpicos, mas também sonhei nas duas edições anteriores e não ganhámos nenhum encontro (risos), por isso tenho de ter calma. Falta um ano e meio, tenho de me qualificar e até lá preciso de dar muitos outros passos, mas é claro que gostaria muito de em primeiro lugar participar e, em segundo, ter uma semana muito boa. Mas ainda falta muito tempo.”

Por isso, agora é tempo de Indoor Oeiras Open e esta quarta-feira o gaulês regressa à nave dos campos cobertos para enfrentar o romeno Filip Cristian Jianu, finalista do primeiro torneio. Em jogo está um lugar nos quartos de final.

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