GLASGOW — O dia tinha tudo para ser de celebração na Emirates Arena e foi perante a plateia mais preenchida da semana que a Grã-Bretanha tinha nas mãos a hipótese de dar por terminado um jejum de 41 anos. A seleção da casa colocou o público em êxtase e também a Austrália contribuiu para o show oferecido ao longo de mais de sete horas. No final, o conjunto dos antípodas vestiu a pele de vilão e silenciou o barulho efervescente da plateia e ocupou a primeira vaga na final das Billie Jean King Cup Finals.
O primeiro capítulo de um sábado que se viria a tornar repleto de emoção foi dado por Heather Watson (133.º), que partilhou as atenções na industrial cidade de Glasgow com Storm Sanders (237.ª). A ação prolongou-se por mais de duas horas e até uma vespa quis tirar-lhes o protagonismo ao perseguir a britânica incessantemente, mas foi o outro lado da rede que se evidenciou: a menos cotada colocou a Austrália na frente da eliminatória ao vencer por 6-4 e 7-6 (3).
Nada estava ainda determinado e Harriet Dart (98.ª) voltou a não acusar a pressão dois dias depois de ter tido um papel decisivo frente a Paula Badosa. A londrina vacilou logo no arranque mas recuperou a tempo de conquistar o primeiro parcial frente a Ajla Tomljanovic (33.ª): não o fez na primeira chance que teve, mas no tie-break não voltou a falhar. O sentido foi ascendente e a anfitriã quebrou o ritmo da adversária para encerrar as contas em 7-6 (3) e 6-2 e igualar as contas de apuramento para a final.
Uma vitória para cada lado, tudo se decidiria no derradeiro compromisso de pares. A capitã da Grã-Bretanha voltou a fazer a aposta nas especialistas Alicia Barnett e Olivia Nicholls – responsáveis pelo acesso a esta etapa, mas desta feita o cenário assumiu contornos mais dramáticos diante de Storm Sanders e Samantha Stosur. Sob o olhar atento de Billie Jean King cada duo amealhou um set e as atenções dos 4.000 espectadores centravam-se no match tie-break, onde o triunfo esteve próximo de cair para qualquer um dos lados mas tendo sido a Austrália a sorrir nos momentos-chave.
Extinto o sonho de apuramento para uma eventual quinta final da competição mundial de seleções, a Grã-Bretanha sai de cabeça erguida (mesmo sem a sua principal estrela, Emma Raducanu). Para a Austrália a história é outra e 1974 pode deixar de ser o ano do último título do palmarés. O conjunto oceânico volta a marcar presença na grande decisão três anos depois e está a um passo de erguer o oitavo troféu.