“A rapariga que a Sharapova está a defrontar vai ser número um do Mundo un dia. Caroline Garcia, que jogadora. Ouviram-no primeiro aqui.”
A profecia foi feita por Andy Murray a 26 de maio de 2011, quando uma Caroline Garcia então com 17 anos e como número 188 do Mundo lidou por um set e um break antes de perder com Maria Sharapova na segunda ronda de Roland-Garros.
E se 11 anos volvidos ainda não se concretizou, este domingo atingiu um patamar inédito: a francesa é a nova campeã do WTA 1000 de Cincinnati, nos EUA, ao completar uma semana perfeita que começou no qualifying e só terminou com um dos título mais importantes da carreira nas mãos.
Apesar de nunca ter correspondido à previsão de Murray, Garcia não desapareceu do mapa: foi número quatro mundial em 2018 e nos pares alcançou mesmo a segunda posição. Mas faltou-lhe a consistência que apresentou esta semana e não só — afinal, antes de chegar a Cincinnati já se tinha destacado nos primeiros torneios da segunda metade da época, com um título no WTA 250 de Bad Homburg, três vitórias em Wimbledon (uma delas frente a Emma Raducanu), meias-finais em Lausanne, quartos de final em Palermo e um título no WTA 250 de Varsóvia, a caminho do qual terminou com a série invicta de Iga Swiatek.
Vê-la a praticar bom ténis no Ohio não foi, por isso, surpreendente. Mas a forma como Caroline Garcia se desenvencilhou dos sete encontros (tantos quantos são necessários vencer num quadro principal de um torneio do Grand Slam) para chegar à final e, já este domingo, como se impôs perante uma campeoníssima como Petra Kvitova (a disputar a 40.ª final ao mais alto nível) fazem crer que a francesa está pronta para atravessar a melhor fase de uma carreira que, até aqui, foi feita de demasiados altos e baixos.
6-2 e 6-4 foram os parciais da vitória na final deste domingo, que controlou do início (venceu os quatro primeiros jogos e nunca cedeu o serviço) ao fim e que só não foi mais curta (1h36) porque a checa, ex-número um mundial e bicampeã de Wimbledon, chegou a abandonar o court na segunda partida para ser assistida.
As oito vitórias no piso rápido de Cincinnati significaram a conquista de um 10.º título em singulares para Caroline Garcia, que nunca tinha celebrado tantos títulos quanto em 2022. Na categoria WTA 1000 trata-se do terceiro, depois da célebre dobradinha em Pequim-Wuhan em 2017.
Se alguma vez voltará a estar em posição de lutar pelo topo do ranking, só o tempo o dirá, mas para já a francesa de 28 anos tem garantida uma subida de 21 degraus no ranking, até ao 14.º posto na próxima segunda-feira. Mesmo a tempo de ocupar um lugar mais destacado na lista de cabeças de série.