O All England Club ainda com longas filas nos vários portões, o No. 2 Court ainda com muitos lugares por preencher e um ambiente tímida. Uma conjugação inesperada de fatores não deu a Katie Boulter o ambiente que seria de esperar para uma jogadora britânica que disputou pela primeira vez a terceira ronda de um torneio do Grand Slam no seu país e quem aproveitou foi Harmony Tan, que prolongou a campanha que começou com uma vitória sobre Serena Williams e garantiu, no começo deste sábado, o apuramento para a quarta ronda de Wimbledon.
Por Gaspar Ribeiro Lança, em Wimbledon
A ordem de jogos divulgada no dia anterior já tinha surpreendido. Afinal, Boulter joga em casa — era a única mulher britânica em ação em singulares este sábado — e tinha vencido o encontro da segunda ronda no Centre Court, nada mais, nada menos do que frente à finalista de 2021 e ex-número um mundial, Karolina Pliskova.
Sendo mais do que improvável que este tenha sido um pedido da jogadora, a atribuição do No. 2 Court (o terceiro maior do complexo) e, sobretudo, o arranque logo às 11 horas — que assinalam o começo da jornada nos courts exteriores — deixaram a desejar para a número 118 mundial, que não conseguiu sequer ser uma sombra de si própria e perdeu por 6-1 e 6-1 com a francesa, número 115, após meros 51 minutos.
Foi rápido, desequilibrado e, por vezes, desagradável. Porque se Tan (novamente apoiada no ténis variado que a caracteriza e sempre muito segura de si própria, independentemente das secções do court onde se desafiava a executar outro slice, outro amortie ou até um tweener) esteve irrepreensível, Boulter esteve irreconhecível.
A jogadora alta (tem 1.82m) e agressiva que na quinta-feira neutralizou o poder de fogo de Pliskova com um ténis reto e explosivo não conseguiu encontrar o ritmo e esteve sempre adormecida. Em boa verdade, a tenista inglesa não entrou verdadeiramente em court e nunca se revelou capaz de contrariar o jogo da adversária, que fez tudo o que quis sem precisar de ser levada ao limite (ou perto dele).
Em suma, foi um encontro de sentido único que congelou o público britânico, também ele tímido na hora de puxar pela sua jogadora, e que valeu a Harmony Tan o apuramento para a quarta ronda (ou oitavos de final) de Wimbledon na sua primeira participação no quadro principal do torneio do Grand Slam britânico.
Com Serena Williams, Sara Sorribes Tormo e Katie Boulter como vítimas, a francesa de 24 anos fica à espera da vencedora de um dos encontros do dia: Coco Gauff vs. Amanda Anisimova, batalha norte-americana que abrirá a ação (a partir das 13h30) no Centre Court.