Um ano depois de explodir para o estrelato, Raducanu estreia-se no Centre Court com o pé direito

Foi no All England Club que Emma Raducanu se apresentou ao mundo, mas também foi no All England Club que revelou fragilidades pela primeira vez e por isso o regresso desta segunda-feira, ao qual se juntou a estreia no Centre Court, tinha contornos especiais a que a britânica respondeu com distinção para avançar até à segunda ronda de Wimbledon.

Por Gaspar Ribeiro Lança, em Wimbledon

Se em 2021 começou a construir a sua campanha bem longe dos holofotes, em 2022 o percurso até SW19 (o bairro onde está situado o clube) não podia ter sido mais distinto: de uma empresa de comunicação a um banco, para além da marca que a veste no court e da alta joalharia que a patrocina dentro e fora dele, Raducanu apoderou-se das ruas de Londres e são poucas as esquinas que não levam a enormes painés publicitários com a sua imagem, tornando difícil — senão mesmo impossível — a anonimidade não só na capital, como no país.

Já com o estatuto de estrela apesar da tenra idade (19 anos), Raducanu foi recebida como a figura de destaque em que se tornou ao longo dos últimos 12 meses. E se nos primeiros instantes as bancadas do Centre Court estavam despidas de adeptos, concluído o terceiro jogo o público trocou as bancas de venda de comida e bebidas pelas bancadas e preencheu de forma total o palco onde a britânica começou a desenhar uma impressionante vitória por 6-4 e 6-4 sobre Alison Van Uytvanck, que chegou a Wimbledon com 12 vitórias em 14 encontros disputados em relva natural.

Pelo perigo que a adversária desempenhava, mas também pela curtíssima época de relva que protagonizou — desistiu ao sétimo jogo da estreia em Nottingham, há exatamente 20 dias, e não voltou a pisar a superfície em encontros oficiais —, a vitória de Raducanu só pode ser vista com bons olhos.

A jogadora da casa não esteve irrepreensível — apresentou algumas lacunas no timing da pancada de direita e permitiu a Van Uytvanck a retaliação depois de aumentar a intensidade para quebrar o serviço da belga. Mas não deu quaisquer sinais de problemas físicos e conseguiu impôr-se perante uma adversária em boa forma, mais experiente na superfície e que com o seu ténis variado prometia causar-lhe dificuldades, tendo sido considerada por muitos como uma das oponentes mais petigosas que Raducanu poderia enfrentar na eliminatória inaugural.

Um ano depois de se ter despedido do All England Club com um ataque de ansiedade que lhe causou problemas de respiração e a obrigou a desistir do encontro da quarta ronda frente a Alja Tomljanovic, Emma Raducanu provou que regressa a Wimbledon como uma jogadora diferente: já não é a “menina” que se aventurou pela primeira vez no torneio que todas querem jogar; é a campeã do US Open que está de volta à sua cidade para provar nunca se tratou de uma one-hit wonder. E as ruas de Londres continuarão a projetá-la para o estrelato.

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