Frederico Marques não estava em Genebra, mas viajou até à localidade suíça para surpreender João Sousa no dia da 12.ª final do seu pupilo em torneios ATP e de lá saiu “extremamente orgulhoso” com a prestação do vimaranense, que ficou muito perto de derrotar Casper Ruud numa final que só terminou de forma favorável ao noruguês depois de mais de três horas.
Em declarações ao Raquetc, o treinador português de 35 anos falou da surpresa que preparou e só revelou na última instância, já com a cerimónia de entrega de troféus a decorrer, e desfez-se em elogios ao momento de João Sousa.
“Vivi o encontro desde a bancada, como vivo sempre, mas desta vez ainda mais longe, porque não quis interferir com as rotinas e processos que estavam a ser feitos desde a quinta-feira da semana passada, em que chegou para jogar a qualificação. Vim para Genebra com o pai, a mãe e a namorada do João, um familiar e a minha esposa. Pedi tudo em top secret às pessoas que conheço aqui do torneio, porque já cá viemos várias vezes e temos muito boas relações. Foram buscar-nos ao aeroporto e às 10h da manhã já estávamos na cidade. Pedi-lhes seis bilhetes, mas para filas lá em cima e bastante rodeados de gente, para estarmos o mais low profile possível”, explicou.
Apesar de discreto, Frederico Marques nunca esteve isolado: “Estive sempre em contacto com a equipa, neste caso o Marc Martí [preparador físico], mas também o Francisco Cabral, que jogou pares com o João e ficou para a final. Troquei mensagens sobre aspetos táticos em praticamente todos os encontros, porque há sempre alguma coisa a retificar, e só na parte final, já na entrega de prémios, é que entrámos na box e foi aí que o João nos viu.”
Sobre o nível a que viu o seu pupilo ao longo dos cinco encontros em Genebra, Frederico Marques só teve elogios a tecer: “Custa sempre depois de ver que se tinha o jogo ‘na mão’, mas o João está contente com a grande semana que fez e é fantástico vê-lo a jogar a este nível e a lutar frente a frente e da minha perspetiva por cima durante grande parte do encontro frente a um top 10, ainda mais na sua superfície favorita.”
“Em relação ao encontro, no primeiro set o Casper esteve um pouco por cima, apesar de se ter conseguido chegar ao tie-break, mas a partir do break no segundo tivemos um João claramente superior. Estou muito orgulhoso dele, do nível a que se exibiu e da maneira como se comportou e esteve emocionalmente não só neste encontro, mas ao longo de toda a semana. Em termos de movimentação e agressividade foi uma semana a roçar a perfeição e a glória e retira-se muita coisa boa para além dos pontos e de ter sido mais uma presença numa final”, acrescentou.
“Não podemos esquecer que em agosto do ano passado tínhamos o João a roçar os 200 do mundo, ali a 180, e mesmo no início deste ano estava fora do top 100 e bastante longe em termos de nível e de ranking do que está agora. Não demos continuidade a Pune em termos de resultados, mas em termos de nível sinto que está bastante alto e este torneio acaba por ser superior ao de Pune. Foi uma grande semana que também nos ajuda a colocar alguns fantasmas para trás das costas”, referiu Frederico Marques, antes de abordar a viagem imediata até Paris, para a 10.ª participação consecutiva de João Sousa no quadro principal de Roland-Garros.
“É bom chegar a Roland-Garros com ritmo. Há jogadores que precisam de ritmo, por exemplo o Thiem sempre o fez, o Ruud também, são jogadores que preferem competir nas semanas prévias para chegarem lá com ritmo e ganhar jogos antes de uma competição tão importante é sempre bom. Mas também é importante recuperar tanto a parte mental, do desgaste que foi esta semana, como a física e é isso que vamos fazer nos próximos dias.”