Rafael Nadal era um homem rodeado de dúvidas. Não entrava num court há meses, tinha o pé “desfeito” e o futuro incerto, sobretudo no que aos tão exigentes torneios do Grand Slam dizia respeito. Depois os treinos começaram a sorrir-lhe, cinco minutos a cinco minutos, e recuperou alguma da confiança, mas um teste positivo à covid-19 em plena pré-temporada comprometeu a preparação ideal. Um mês depois, está a uma vitória de fazer história e tornar-se no primeiro homem a conquistar 21 títulos entre os quatro torneios mais importantes do mundo.
O sexto passo foi dado esta sexta-feira, com uma vitória por contundentes 6-3, 6-2, 3-6 e 6-3 sobre Matteo Berrettini numa meia-final em que o maiorquino foi quase sempre o melhor jogador.
Uma vitória próxima de ser impensável quando a viagem para a Austrália começou, no início do mês, mas que com o decorrer de janeiro se tornou cada vez mais natural: o título no ATP 250 de Melbourne (conquistado frente a Maxime Cressy) demonstrou que Nadal estava em condições de lutar por uma boa prestação, a deportação de Novak Djokovic aumentou as suas hipóteses e ronda a ronda foi sendo claro que esta já não era uma campanha qualquer.
Aos 35 anos, Nadal qualificou-se para a sexta final da carreira no Australian Open, 13 anos depois de ter disputado e vencido a primeira. Seguiram-se outras quatro, mas sempre com derrotas.
E está a apenas uma vitória de fazer história: contra Daniil Medvedev ou Stefanos Tsitsipas, o melhor tenista espanhol de sempre pode tornar-se no primeiro homem de sempre a alcançar os tão desejados 21 títulos de singulares em torneios do Grand Slam e ultrapassar os arquirrivais Roger Federer (nunca esteve à frente do suíço) e Djokovic (que o igualou em Wimbledon).