Naomi Osaka é uma mulher feliz.
Depois de um ano conturbado, que começou com mais uma vitória dourada e terminou após uma sequência de eventos relacionados com saúde mental, a japonesa voltou a sorrir. Fê-lo na conferência de imprensa de antevisão ao Australian Open, a que chegou como campeã em título; fê-lo no court, durante a primeira ronda; e fê-lo no rescaldo do encontro, novamente frente-a-frente com os jornalistas.
Antes da estreia desta segunda-feira, que a viu derrotar a colombiana Camila Osorio (50.ª WTA) por 6-3 e 6-3, a japonesa aproveitou o verão australiano para andar de bicicleta num subúrbio de Melbourne e passear pela praia — dois luxos raríssimos para a mulher que ao longo do último ano se tornou ainda mais popular ao alertar para questões relacionadas como a saúde mental e problemas sociais e que voltou a ser a atleta mais bem paga do mundo como reflexo da exposição que dá a um portefólio de mais de 20 marcas.
Luxos que se forçou a ter em 2021. Exatamente um ano depois de ter lutado pelos que não podiam ser esquecidos ao utilizar máscaras com os nomes das vítimas de tiros disparados por agentes a caminho da vitória no US Open, Osaka lutou por si. E encerrou a temporada. A polémica que despoletou em Roland-Garros, ao boicotar as conferências de imprensa, e que a fez desistir não só desse torneio, mas também de Wimbledon, e a pressão nos Jogos Olímpicos resultaram num turbilhão de emoções.
“Precisava de redescobrir a minha motivação e a minha paixão pelo ténis”, explicou.
Para isso, trocou as raquetas por visitas a amigos na Califórnia, ou “as festas de pijama que não tive oportunidade de fazer ao longo da minha vida porque desde muito cedo que viajo para jogar ténis”, como as descreveu.
O resultados dos meses que Osaka passou ausente do contexto competitivo são os sorrisos que já não esboçava desde os primeiros meses de 2021, quando alcançou o objetivo que agora procura repetir: conquistar o Australian Open.
“A minha prioridade para 2022 é simplesmente aproveitar o meu ténis e divertir-me”, afirmou na antevisão ao torneio.
E o que poderá haver de mais perigoso para as adversárias do que uma Naomi Osaka livre, inspirada e confiante? Se tudo correr como previsto, será a essa questão que a número um mundial, Ashleigh Barty, terá de responder no tão aguardado e precoce possível encontro dos oitavos de final entre ambas, a japonesa e a australiana sendo consideradas as duas grandes favoritas à vitória no final da quinzena.