[Reportagem]: Estágio das selecções nacionais da Davis e Fed Cup

Integrar e unir. Foi com estes objectivos que a Federação Portuguesa de Ténis levou a cabo nos dias 19 e 20 de dezembro o último estágio de 2014 das selecções nacionais da Taça Davis e da Fed Cup, comandadas respetivamente por Nuno Marques (apoiado por Emanuel Couto) e André Lopes (que tem ainda na sua equipa o treinador Miguel Sousa). As metas para os próximos meses e temporada são claros e o empenho de todos os atletas envolvidos não deixa transparecer quaisquer dúvidas. Não perca o exclusivo Ténis Portugal, com declarações dos técnicos e do presidente da FPT e ainda vídeos e fotografias.

O Centro de Alto Rendimento do Jamor, em Lisboa, que em 2010 chegou a acolher uma etapa da Fed Cup, foi o escolhido pela equipa nacional para preparar as participações no Grupo II da Taça Davis (a primeira eliminatória é em casa, com Marrocos) e Grupo I da Fed Cup (repete-se a deslocação de 2014 à Húngria), sendo que entre as três sessões de treino realizadas — a última das quais conjunta, nos seis campos cobertos — estiveram presentes Bárbara Luz, Maria João Koehler, Inês Murta, Cláudia Gaspar, Mafalda FernandesBeatriz Bento, Rui Machado, Frederico Gil, Vasco Mensurado, Henrique Sousa, Leonardo Tavares, Nuno Deus, Felipe Cunha e Silva e Nuno Borges.

A grande diferença de idades entre os atletas presentes foi, aliás, um dos temas analisados pelo selecionador nacional da equipa masculina, Nuno Marques, que considerou ser “ótimo e muito giro ter um grupo tão heterogéneo, que podia ir dos 15 aos 30 anos porque o Duarte [Vale] já fez parte do estágio e até podia ter integrado este grupo”. A presença de jogadores mais velhos e experientes, como Gil, Machado e Tavares foi, aliás, abordada pelo ex-jogador e agora treinador: “São excelentes referências para estes miúdos, referências muito, muito boas e excelentes profissionais com uma grande mentalidade, nesse aspeto acho que todos [os jogadores mais novos] têm muita sorte [em trabalhar com eles].”

André Lopes, não pôde contar no estágio com as presenças de Michelle Larcher de Brito (a residir e treinar nos EUA), Ivone Álvaro (no Brasil), Rita Vilaça e Maria Palhoto (a trabalhar em Espanha), “o que acabou por permitir chamar outras atletas mais jovens: é a primeira vez que tenho um contacto mais aproximado por exemplo com a Mafalda Fernandes e a Beatriz Bento, que têm feito um percurso bastante interessante ao longo de 2014, e a primeira análise é muito positiva”. De facto, para o selecionador nacional feminino a segunda linha da equipa que começa a ser criada “é muito importante de manter e de ajudar ao longo do tempo para que se consiga dar uma maior estabilidade à equipa principal”, fazendo ainda alusão e usando como exemplo a estreia de Inês Murta na Fed cup em 201, não descartando uma nova estreia já em 2015.

E assim, num ambiente de grande concentração mas também diversão e interação entre todos os convocados e presentes, se foi desenrolando o último estágio preparatório do ano, marcado ainda pelo regresso de Maria João Koehler aos courts depois de uma prolongada ausência devido a lesões.

Ao mesmo tempo que os vários atletas convocados davam continuidade às suas sessões de aquecimento e jogos-treino, também Vasco Costa, presidente da Federação Portuguesa de Ténis, aproveitava para marcar presença no CAR. “Acho que é de salutar estarem todos juntos, porque são de diferentes clubes e é importante estarem em conjunto e começarem a criar espírito de grupo para depois se integrarem quando vierem a ser chamados às duas selecções”, confessou ao Ténis Portugal, referindo-se aos atletas mais jovens que integraram um dos vários estágios programados pela FPT e as novas (exercem funções desde o início da temporada) equipas de treinadores.

A fechar um programa que contou com inúmeros frente-a-frente ao longo das três sessões de treino (Luz-Fernandes, Tavares-Cunha e Silva, Murta-Bento, Koehler-Gaspar, Gil-Borges e Machado-Deus foram alguns dos encontros a que assistimos, havendo ainda tempo para uma troca de bolas amigável entre Frederico Gil e Mafalda Fernandes a fechar a jornada de sábado), André Lopes apostou ainda numa fase de experimentação da variante de pares, colocando lado a lado Inês Murta/Beatriz Bento e Cláudia Gaspar/Bárbara Luz.

Selecionadores e Presidente: o que esperam eles de Portugal em 2015?

Foi com os olhos postos na próxima temporada que o grupo de trabalho se reuniu no Jamor e os objectivos para a Taça Davis e a Fed Cup são bastante claros nas mentes dos dois técnicos, cujos pensamentos são partilhados por Vasco Costa — que revelou ainda alguns detalhes sobre a primeira eliminatória da competição masculina, disputada em Portugal.

O ano de 2014 não correu bem à equipa masculina, que desceu ao Grupo II da Taça Davis, e é Nuno Marques o primeiro a admiti-lo, reconhecendo que “este ano não correu bem, não poderia ter corrido pior [a nível de resultados] porque não estava nada previsto e portanto não cumprimos os objectivos de 2014, que primeiramente passavam pela subida ao Grupo Mundial e depois pela manutenção.” Apesar de tudo, o técnico estreante no comando de uma equipa que representou por quase duas décadas diz ter “aprendido muito e gostar de ser selecionador”, estando totalmente focado no embate da primeira ronda, frente a Marrocos: “Estamos num grupo difícil mas o objectivo é claramente subir de divisão.”

Relativamente à competição feminina, André Lopes não esconde que “os objetivos não são diferentes do último ano: o primeiro passa pela manutenção, que não é algo que esteja garantido porque há muitos conjuntos bons e depende de quem temos pela frente porque há selecções realmente muito fortes, mas vamos com a esperança de conseguir uma melhor prestação. No ano passado tivemos uma ótima prestação ao igualar um registo [sétimo lugar] que o Pedro Cordeiro já tinha com esta selecção.” A subida de divisão não passa, no fundo, ao lado do técnico, que reconhece ser “algo que temos no horizonte” enquanto afirma ser necessário “ir passo a passo e começar por cumprir o primeiro objectivo, que por si só não é nada fácil.”

[Portugal] Miguel Sousa e Maria João Koehler
Miguel Sousa (treinador) e Maria João Koehler durante a segunda de três sessões de treino

Os objectivos delineados pelos técnicos vão de encontro aos do Presidente da Federação Portuguesa de Ténis, Vasco Costa, que reconhece a importãncia de “regressar de imediato ao Grupo I da Taça Davis” enquanto na Fed Cup alerta para que Portugal possa vir a estar “um bocadinho menos forte que no ano passado porque apesar de a Michelle [Larcher de Brito] estar em bom ritmo, a Maria João [Koehler] está agora a recomeçar depois de praticamente um ano sem competir e, como a Fed Cup é já no início de fevereiro, poderá não estar nas melhores condições.”

O valor de jogadoras como Bárbara Luz e Inês Murta não passa despercebido a Costa, que considera serem “atletas que estão sempre em crescendo e que portanto podem compensar o eventual menor ritmo da Maria João” que poderão ajudar Portugal a cumprir a mesma missão: “Tentar subir, sabendo de antemão que na Fed Cup não será tão fácil quanto na Davis.”

Já sobre o local onde a selecção nacional acolherá o conjunto de Marrocos, Vasco Costa revela estar ainda em cima da mesa a escolha do estádio e da superfície: “Estamos a avaliar a situação com os treinadores e atletas e a equacionar qual será a melhor solução e diria que até ao final do ano teremos definido o local. Estamos inclusive a ponderar a hipótese de jogar em piso rápido porque vamos defrontar Marrocos, um país tradicionalmente melhor em terra batida.”Terminado o estágio, os atletas regressarão às suas cidades e clubes de trabalho para, dentro de muito poucos dias, darem início de forma oficial à temporada de 2015. Quanto a Portugal, recebe Marrocos na competição masculina entre 6 e 8 de março e viaja até Budapeste, a capital da Húngria, para disputar a primeira ronda da Fed Cup entre 4 e 7 de fevereiro.

Não perca os registos do estágio em alta-definição. (em HD). Para visualizar as fotografias clique na seta da direita:

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