E tudo a noite quase levava…

21h41. A noite caia em Paris. Sem temer o que e quem quer que fosse, sem preconceitos, sem vergonhas. Sem ceder por um único segundo depois de toda a chuva que caiu. Era o ‘até amanhã’ das linhas brancas do Court Philippe Chatrier, que no ecrã se apresentava bem mais iluminado do que na realidade estava. Se a televisão desempenhava com sucesso esse papel, Andy Murray e Gael Monfils faziam esforços extra para encontrar a bola. Era uma corrida contra o tempo de um lado ao outro do court.
Quem assistiu assiduamente ao encontro nunca imaginaria este cenário, não dadas as circunstâncias: Andy Murray chegara rapidamente a uma vantagem de dois sets a zero frente ao desligado Gael Monfils, que nem com a ajuda do público acordava. A partir daí, a estatística estava do seu lado: havia ganho 97 dos 98 encontros em que se adiantara por dois parciais. Ao mesmo tempo, Rafael Nadal estava em dificuldades perante David Ferrer, que na reedição da final do ano passado ainda ousou ameaçar tornar-se no segundo jogador da história a vencer o seu compatriota na terra batida parisiense.
Mas voltemos ao Court principal do Stade de Roland Garros: o campeão em título de Wimbledon jogava, ao seu quinto encontro, pela primeira vez no Philippe Chatrier e preparava-se para desperdiçar uma preciosa vantagem. Talvez não seja a palavra mais adequada, é certo, porque o francês por isso fez, mas Murray teve o encontro na mão. Teve-o quando chegou ao 3-0 no primeiro set, no segundo, e quando ficou a seis jogos de vencer o encontro. Desperdiçou as oportunidades e foi forçado a lutar contra o sol, contra a eventualidade da chuva voltar, contra os adeptos e contra um renovado Monfils. Acabou por vencer, por 6-4 6-1 4-6 1-6 6-0, mas a frescura física, essa, é agora quase nula.
O que se adivinhara como uma jornada relativamente tranquila após dois quartos-de-final femininos fechados com 6-2 6-2 acabou por se revelar num dia mais complicado para os principais favoritos a seguir em frente. No final do dia, contudo, os mais experientes acabariam ainda assim por vencer, com Nadal a ‘livrar-se’ de Ferrer por 4-6 6-4 6-0 6-1.
Se hoje foram dois dos elementos do quarteto fantástico a levar a melhor, superando inimigos tão imprevisíveis quanto a chuva e o vento, a partir daqui tudo se torna mais complicado – a nível técnico, táctico, físico e mental. Nadal medirá forças nas meias-finais com Murray, Djokovic enfrentará o surpreendente Ernests Gulbis.
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