E vão catorze épocas para Roger Federer

2001. 4 de fevereiro. Milão. Depois de uma vitória sobre Yevgeny Kafelnikov (campeão olímpico no ano anterior, ex-número um mundial e detentor de títulos do Grand Slam) nas meias-finais, Roger Federer derrotava Julien Boutter na final do ATP de Milão. Nascia uma lenda. Esta semana, treze anos depois, o suíço venceu o seu 78º título profissional e garantiu a décima quarta época consecutiva a erguer pelo menos um troféu de campeão. 
Poucos são os records que não pertencem ou não pertenceram a Federer e a vitória deste sábado sobre Tomas Berdych permite-lhe tornar-se no terceiro jogador de toda a história da modalidade a somar mais título, apenas atrás de Jimmy Connors (109) e Ivan Lendl (94). Com uma raquete nova e a equipa técnica renovada, a verdade é que o helvético parece estar de regresso ao seu melhor ténis e tem ainda uma palavra a dizer nos grandes torneios. O calendário é outro, mais reservado, dado a grandes êxitos, as ambições são claras. Até a Taça Davis Federer quer vencer e depois de ingressar à última hora na equipa suíça para os oitavos-de-final, tem também confirmada a sua presença na segunda eliminatória.
A reformulação teve início ainda em 2013, quando o melhor suíço de todos os tempos substituiu Paul Annacone por Stefan Edberg tendo em vista uma clara melhoria do seu jogo de rede, mas também ao acolher uma nova arma: a sua raquete passou de uma cabeça de 90 polegadas para 98 naquela que foi a mudança mais significativa da sua carreira em termos de equipamento. Desde aí, Federer soma um vice-campeonato, umas meias-finais num torneio do Grand Slam e um troféu de campeão de um ATP 500. O título do Dubai é o mais importante desde que venceu Cincinnati no verão de 2012.
Os números são tantos que acaba por ser fácil ceder-lhes: apesar de se encontrar na sua pior posição em mais de onze anos (é actualmente o oitavo colocado no ranking), Federer soma já quatro vitórias (em cinco jogos disputados) sobre jogadores do top10 na presente temporada, tantas quanto conseguiu ao longo de toda a época de 2013. O seu jogo de rede é agora mais constante, eficaz e mortífero e, quando bem aliado ao seu perigoso primeiro serviço, promete causar estragos a qualquer adversário.
Analisados os números e as movimentações, é fácil perceber qual é o objectivo de Roger Federer. Aos trinta e dois anos, e prestes a ser pai pela terceira vez na sua vida (também em 2009, quando Mirka Federer deu à luz duas gémeas, praticou algum do seu melhor ténis), quer conquistar mais torneios do Grand Slam – conta actualmente com dezassete troféus – e ter sucesso na Taça Davis. A competição por equipas nunca foi um grande alvo do suíço, que deu prioridade a semanas de descanso estratégicas em anos anteriores, mas a vitória deste ano na ronda inaugural, conjugada com outros resultados, e a ascensão de Stanislas Wawrinka a um outro nível colocam-no em condições favoráveis para ‘corrigir’ essa ‘lacuna’ no seu currículo.
2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014. São catorze os anos consecutivos em que Roger Federer soma títulos de singulares, pelo que a pergunta é inevitável: por quantos mais se prolongará a sequência? E mais: até onde pode (continuar a) ir?
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