Entrevista a Luís Ferreira

– Quais são os teus ídolos de infância? E o torneio que mais te atrai (quer a nível internacional quer nacional)?
Luís Ferreira (LF): Nunca tive ídolos, sempre tive referencias. Quando era pequeno identificava-me com o André Agassi, quando comecei a trabalhar com o João Cunha e Silva ele passou a ser a minha referencia, e hoje em dia é o Frederico Gil. O que me faz ter preferencias a nível de torneios é o facto de como somos tratados, e recordo sempre dois torneios com especial carinho: o Open de Oeiras e o Open de Corroios.
– Com um largo percurso nos escalões júniores, onde atingiste várias finais (onde conquistaste alguns títulos), como foi transitar para o escalão sénior?
LF: É verdade, tive um percurso muito grande nos escalões anteriores e sempre com bons resultados, no entanto a transição para Séniores não foi fácil; precisei de amadurecer e perceber um conjunto de factores que me ajudaram a voltar a estar no caminho do sucesso. A maior dificuldade que tive foi sem dúvida defrontar jogadores mais experientes do que eu, colocar-me ao nivel deles exigiu-me outra mentalidade que só a partir dos 20 anos consegui por em prática, e isso de certa forma transformou o meu jogo, para melhor.
– Neste mesmo escalão venceste o primeiro torneio na Primavera de 2004, em Carcavelos; qual foi a sensação? 
LF Sim, em Júniores foi o meu primeiro título em singulares, uma sensação que já procurava à algum tempo. Lembro-me de que na altura estava a recuperar os bons resultados depois de uma fase onde tive alguns problemas com lesões, esse ano já jogava maioritariamente torneios séniores e isso ajudou-me a elevar-me para patamares acima.
Com muitos jogadores a participar nos mais diversos escalões, qual é a táctica para o sucesso?
LF: Sou um pouco suspeito em dar tácticas… Mas a verdade é que desde que comecei a dar aulas de ténis (2007) isso me ajudou a perceber o jogo de outra forma. Não lamento possíveis oportunidades desperdiçadas porque sempre fui um jogador de treinar nos limites, mas não tenho dúvidas nenhumas de que o segredo é igual para todos: ambição, disciplina e dedicação.
– O que te levou a ser treinador?
LF: A oportunidade de poder partilhar tudo aquilo que aprendi, à minha maneira. Hoje o que me move a ser treinador é bem diferente daquilo que me levou a começar, mas acredito que esta profissão é muito mais do ensinar, vejo-a como uma arte de modelar os atletas a um conjunto de principios que os ajudarão não só a evoluir desportivamente mas tambem a crescer como pessoas.
Sendo treinador de ténis, gostas mais de treinar os atletas a um nível de competição ou iniciação?
LF: A um nível de competição sem duvida. É engraçado e ao mesmo tempo gratificante quando se consegue passar pelas duas fases com o mesmo jogador, tenho exemplos de atletas que iniciaram o ténis comigo e hoje em dia batalham por objectivos a cumprir ou ranking´s a atingir.
Falando um pouco do ténis a nível nacional, sentes que tem havido uma evolução a nível de ensino da modalidade? E até onde pensas que poderá chegar Portugal a nível internacional?
LF: Sim, sem dúvida. Julgo que tem havido uma evolução na credenciação dos técnicos e isso traduz-se na qualidade do ensino. O aparecimento de modelos de ensino para iniciação e o bom trabalho do grandes mentores a nivel nacional tambem ajudou, no entanto parece-me que ainda há muito a fazer dado que a ligação entre o nivel nacional e internacional muitas vezes faz-se às “escuras”, cada um sabe de si. Se o nosso país pretende lançar atletas a nivel internacional deverá criar novos procedimentos, e principlamente unir os Treinadores em torno de um objectivo comum.
– Que conselhos queres deixar a todos os que sonham ser jogadores e/ou treinadores de ténis?
LF: Os mesmos conselhos que me deram a mim, que cada um encontre o “seu ténis” dentro de si e consiga trabalha-lo por forma a ser bem sucedido, daquilo que aprendi parece-me que o Ténis é como um traço de personalidade onde cada atleta se diferencia de todos os restantes. Para os jogadores deixo um recado, acreditem em voces próprios, poís se não forem os primeiros a acreditar mais ninguém acreditará.
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