OEIRAS — It’s showtime. Um ano depois, o Complexo de Ténis do Jamor volta a reunir em simultâneo estrelas dos dois circuitos mundiais, uma mistura única com um ATP Challenger 125 e um WTA 125 a acontecerem ao mesmo tempo que, neste caso, equivale a dizer que nenhuma outra semana do ano em solo nacional terá tantos pontos em jogo.
Entre figuras de renome e vários dos melhores portugueses, são muitos os motivos de interesse para fazer dos courts de terra batida do Jamor passagem obrigatória ao longo dos próximos dias — sempre com entrada gratuita.
Datas: 13 a 20 de abril
Local: Complexo de Ténis do Jamor
Superfície: terra batida ao ar livre
Bola: Wilson Roland-Garros clay
Os portugueses:
O cardápio da prova feminina (pelo segundo ano consecutivo na categoria WTA 125) conta com o quarteto português que fez história na Billie Jean King Cup: Francisca Jorge, Matilde Jorge, Angelina Voloshchuk e Inês Murta foram até Vilnius promover a seleção nacional ao play-off de acesso à fase final da competição por equipas e pelo meio acabaram contempladas com os quadro wild cards para o quadro principal.
Há um ano, as irmãs Jorge (respetivamente 253.ª e 277.ª classificadas no ranking WTA) brilharam tanto em singulares — quartofinalistas — quanto em pares — campeãs. Mas para Voloshchuk (737.ª) e Murta (1182.ª) esta será a primeira participação em torneios sob a chancela do principal circuito feminino.
Ana Filipa Santos, Analu Freitas, Amália Suciu e Teresa Poppe tentaram juntar-se a elas através da fase de qualificação, mas não resistiram ao primeiro dia.
O torneio masculino também conta com um quarteto luso, este formado por Henrique Rocha — o único a obter entrada direta depois da desistência de Jaime Faria — e os wild cards Gastão Elias, Pedro Araújo e Tiago Pereira.
Aos 34 anos, Elias (342.º e ex-57.º) é não só o mais velho e experiente, como o recordista luso de finais (23) e títulos (10) no circuito Challenger, tendo ganho os últimos três precisamente neste local — ainda que em provas com menos pontos em jogo. O tenista da Lourinhã também já adoçou o palmarés esta época, ao vencer um ITF em Vila Real de Santo António para colocar travão a um jejum de quase três anos.
Rocha (204.º) regressa a casa — o Jamor é a base de treinos da equipa do Centro de Alto Rendimento — com fome de vitórias, depois de semanas a debelar uma lesão abdominal, e à procura da primeira grande campanha Challenger em solo português.
Para Araújo (414.º), este será o primeiro desafio do ano em terra batida, três semanas depois de ter alcançado o melhor resultado ao ser semifinalista em Loulé.
Já Pereira (415.º), chega ao Jamor com a bagagem mais pesada graças ao troféu de vice-campeão de pares em Barletta, Challenger onde também também furou o qualifying de singulares e somou mesmo a primeira vitória da carreira em quadros principais deste circuito. Antes, o algarvio tinha alcançado duas finais individuais em casa — primeiro no ITF M25 de Faro, depois no de Vale do Lobo —, resultados que o catapultaram para a melhor classificação da carreira, muito próximo de furar o top 400.
No qualifying não houve sobreviventes lusos: João Domingues (de regresso após seis meses lesionado), Francisco Rocha, Diogo Marques, João Graça, Dino Molokova e o estreante André Rodeia foram afastados na ronda inaugural.
História da cinderela regressa a terra
Alexandra Eala é, provavelmente, a melhor história da atual temporada. A antiga número dois mundial de sub-18 (campeã do Us Open no escalão) é vista há vários anos como uma das estrelas do futuro e por isso pertence aos quadros da academia de Rafael Nadal desde as 13 primaveras. O que não estava nos planos de ninguém, nem da própria, foi a campanha mirabolante no último Miami Open, um dos melhores torneios da categoria 1000.
A tenista das Filipas, de 19 anos, nunca tinha entrado no top 100 nem sequer atingido oitavos de final num qualquer quadro WTA. Pois bem, num dos mais importante fez oitavos, quartos de final e só parou no penúltimo dia, batendo pelo caminho figuras do calibre de Jelena Ostapenko (campeã de Roland-Garros em 2017), Madison Keys (atual titular do Australian Open) e Iga Swiatek, cinco vezes vencedora de provas do Grand Slam e de 10 WTA 1000. Todos esses escalpes sucessivos foram os melhores já logrados e a história da Cinderela encantou tudo e todos no sul da Flórida.
No final, a alegria pelo “fechar do círculo”, como a própria contou no media day já no Jamor, mesmo apesar da derrota nas meias-finais face à eventual campeã Jessica Pegula, emoldurou o momento e colocou o sapato na bonita história. É, sem dúvida, um dos maiores focos de interesse nesta semana no Complexo de Ténis do Jamor.
Sorana Cirstea lidera contigente experiente
Se olharmos para o palmarés, não há ninguém em toda a competição (WTA ou ATP) tão categorizado como Sorana Cirstea. A romena (119.ª da tabela) já foi 21.ª do ranking e tem no currículo duas presenças em quartos de final de torneios do Grand Slam (Roland-Garros 2009 e Us Open 2023), uma final WTA 1000 (Toronto 2013) e possui dois troféus WTA em seis finais disputadas.
Uma lesão num pé atirou-a para fora dos courts no verão passado depois de um ano e meio com uma espécie de segunda vida tenística (em 2023 e na primeira parte de 2024). A queda na hierarquia foi inevitável, mas a própria, aos 35 anos, confia em superar tudo o que já conseguiu anteriormente. Ténis para isso não falta e a temporada já conta com quartos de final no WTA 1000 do Dubai e boas prestações em Indian Wells e Miami.
15 anos depois de vencer o antigo Estoril Open em pares, neste mesmo palco onde também foi semifinalista em singulares, Sorana Cirstea chega ao Jamor na companhia do experiente e cotado neerlandês Sven Groeneveld e pronta para fazer furor novamente.
Além da experiente romena, várias outras jogadoras de nomeada estão presentes no quadro feminino. Katie Volynets (80.ª, ex-56.ª), Elisabetta Cocciaretto (89.ª, antiga 29.ª e detentora deste Oeiras Ladies Open em 2022 quando era um W60, além do título WTA amealhado no ano seguinte em Lausanne), Anna Bondar (98.ª, ex-top 50 e adversária de Francisca Jorge na ronda inaugural) e Yue Yuan (101.ª, mas 36.ª em maio e vencedora de um troféu no circuito principal em duas finais) chegam como candidatas ao derradeiro encontro do torneio.
Panna Udvardy (137.ª, 76.ª em 2022 e ajudada por Felipe Cunha e Silva), Dalma Galfi (149.ª, ex-79.ª), Tamara Zidansek (163.ª, só que 22.ª em 2022, um ano após a tremenda presença na meia-final de Roland-Garros e do troféu WTA conquistado em Lausanne) e as antigas jogadoras de elite Varvara Lepchenko (ex-19.ª), Nina Stojanovic (81.ª em 2020), Mona Barthel (23.ª em 2013 e rainha de quatro títulos WTA em sete finais) abrihantam igualmente a competição.
Victoria Jimenez Kasintseva, antiga número um mundial de sub-18 e campeã no último Del Monte Lisboa Belém Open, e Maja Chwalinska, vencedora do Eupago Porto Open no verão passado, estão em Oeiras para combater a experiência e impor a reverência.
WTA
QR1 | QR2 | Apurada | 1R | 2R | QF | SF | F | 🏆 | |
Pontos | 1 | 4 | 6 | 1 | 15 | 27 | 49 | 81 | 125 |
Prize-money | 645€ | 890€ | – | 1.434€ | 2.385€ | 4.065€ | 6.960€ | 11.770€ | 19.940€ |
Também há uma chuva de estrelas a acontecer no torneio masculino. Gravado na história do ténis mundial desde a primeira edição, ganha por um tal Carlos Alcaraz para selar a estreia no top 100, o quarto capítulo de Oeiras Open como 125 conta com cinco representantes da elite.
O elenco é encabeçado pelo campeão em título, o argentino Francisco Comesana (62.º), que regressa ao Jamor para tentar fazer o que só um homem conseguiu desde que a Federação Portuguesa de Ténis reavivou o circuito Challenger no palco mais histórico do ténis português: precisamente o adversário da primeira ronda, o português Gastão Elias.
Seguem-se na lista o russo Roman Safiullin (73.º, 36.º na época passada e vice-campeã de um torneio ATP na reta final do ano anterior), o belga Raphael Collignon (83.º e finalista do último Del Monte Lisboa Belém Open, no CIF), o brasileiro Thiago Monteiro (93.º e campeão do Braga Open em 2022) e o sérvio Dusan Lajovic (97.º), ex-top 30 e detentor de dois títulos ATP e finalista do Masters 1000 de Monte Carlo em 2019. O cazaque Mikhail Kukushkin (39.º em 2019 e campeão em São Petersburgo nove anos antes) e o brasileiro Thiago Wild (112.º e ex-58.º muito devido ao êxito de Santiago em 2020) são os outros participantes com títulos ATP no currículo.
A juventude tem sido um dos maiores motivos de interesse das provas que acontecem no Jamor e esta não é exceção. O norte-americano Nishesh Basavareddy (108.º) é uma das caras da nova geração e aos 19 anos já chegou ao top 100, consequência de uma excelente entrada em 2025 ao alcançar as meias-finais do ATP 250 de Auckland como qualifier antes de “roubar” um set ao recordista Novak Djokovic na primeira ronda do Australian Open.
Nicolai Budkov Kjaer, o campeão júnior de Wimbledon (que graças a essa conquista chegou a número um do ranking mundial de sub 18), também faz parte do elenco e já está lançado no circuito profissional, tendo ganho recentemente o primeiro título Challenger ao vencer o compatriota Viktor Durasovic em Glasgow, na Escócia.
De facto, muitos têm sido os jovens que aproveitam as passagens por Portugal para brilharem e neste Oeiras Open figuram vários campeões recentes, como o espanhol Carlos Taberner (145.º, ex-85.º), finalista na Maia em 2020 e no Porto em 2024, o dinamarquês Elmer Moller (148.º), campeão em título do Braga Open, o belga Alexander Blockx (154.º), vencedor do Indoor Oeiras Open 3 desta época e antigo líder da tabela de sub-18, e o francês Luca Van Assche (173.º e 63.º há ano e meio, também ele ex-número um júnior), finalista do Del Monte Lisboa Belém Open e campeão do Maia Open na reta final de 2022.
Valentin Royer, já com dois troféus Challenger em três decisões em 2025, e o compatriota gaulês Gregoire Barrere, outrora top 50 ATP, também poderão incomodar as maiores figuras.
ATP
QR1 | QR2 | Apurado | 1R | 2R | QF | SF | F | 🏆 | |
Pontos | 0 | 3 | 5 | 0 | 8 | 16 | 35 | 64 | 125 |
Prize-money | 435€ | 870€ | – | 1.890€ | 3.055€ | 5.235€ | 9.015€ | 15.150€ | 25.740€ |
Transmissões televisivas
O Oeiras Open 125 será transmitido em direto na Sport TV desde terça-feira até domingo, com três encontros por dia até à jornada decisiva, essa composta pelas duas finais de singulares.