OEIRAS — 15 anos depois de ter conquistado o título de pares do antigo Estoril Open, Sorana Cirstea está de volta ao Jamor e desta vez quer vencer a segunda edição do WTA 125 de Oeiras, ao qual chega como uma das favoritas.
“É muito bom estar de volta a Portugal! Já não vinha cá há muitos anos, mas lembro-me muito bem do clube porque joguei cá durante muitos anos. Ouço muitas coisas boas sobre o país, tem uma excelente reputação na Europa e toda a gente diz cada vez mais coisas boas, por isso estava ansiosa por regressar e surgiu esta oportunidade de jogar antes de Madrid”, contou, de sorriso rasgado, no Media Day que serviu de lançamento ao torneio.
Aos 35 anos, Cirstea sabe que está “perto do final da carreira”, mas continua a pegar na raqueta todos os dias porque “ainda sinto que tenho nível para conseguir bons resultados”. E se a idade podia ser um fator de desgaste, para a romena funciona precisamente como o oposto: “Há uma certa beleza em ficar mais velha, há coisas muito bonitas que vêm com a idade e estou muito, muito orgulhosa da longevidade da minha carreira. Nunca pensei jogar até tão tarde, nem sequer depois dos 30, portanto encaro tudo o que me acontece como um bónus e tenho muita sorte em chamar trabalho à minha paixão.”
As primeiras passagens da tenista de Bucareste pelo nosso país parecem já ter sido noutra vida e a longevidade que de forma geral passou a caracterizar os tenistas foi um dos assuntos abordados com particular entusiasmo na conversa com os jornalistas: “O aspeto físico evoluiu muito. Toda a gente trabalha mais, toda a gente tem uma equipa maior, até um preparador físico ou um fisioterapeuta. E o mesmo acontece com a recuperação. É muito mais importante do que há 10 ou 15 anos. Lembro-me que há 15 anos nem tínhamos ginásio nos torneios e hoje em dia não podes organizar torneios sem um ginásio e todos os jogadores lá estão. Todos aquecem durante uma hora, enquanto há 15 anos os aquecimentos duravam cinco minutos. Há mais informação sobre nutrição, sobre recuperação, sobre o sono, suplementação e esta é uma das razões pelas quais passámos a jogar até mais tarde, mas também porque mentalmente deixámos de colocar barreiras. Deixámos de pensar que uma mulher com 30 anos é velha para ser desportista ou para fazer determinadas coisas. Agora pode fazer o que quiser, a sociedade evoluiu em certos aspetos e vemos cada vez mais mulheres que regressam depois de terem filhos, o que há alguns anos não era possível. Está a tornar-se cada vez mais fácil e estou muito feliz por fazer parte desta evolução enquanto sociedade, fico muito orgulhosa de ter 35 anos e continuar a ser competitiva e a ter sonhos e objetivos.”
Com este discurso, a conversa fluiu naturalmente para “a vontade de ganhar” o título no Jamor, o local escolhido para iniciar a temporada de terra batida. “Seria um sonho tornado realidade e um excelente começo desta fase da época. É claro que o quero fazer, mas agora tenho de trabalhar” e para a ajudar a concretizar esse objetivo terá no banco o técnico que a voltou a acompanhar no último ano (já tinham trabalhado juntos quando ambos integravam a estrutura da adidas) e que é um dos mais prestigiados do circuito: o neerlandês Sven Groeneveld.
“Traz muita experiência e muita maturidade [à dinâmica jogadora-treinador], mas ao mesmo tempo é exigente e eu gosto dessa característica porque não quero alguém que me diga que sim e que basicamente me engane. Quero trabalhar com alguém que me diga quando estou a fazer as coisas certas, mas que também me diga quando não estou e o Sven é muito bom nisso. Tem-me ajudado muito no lado mental e a olhar de forma positiva para as coisas e para a minha carreira, por isso estou muito feliz com a parceria e espero que o ano acabe com alguns resultados memoráveis”, explicou Cirstea.