OEIRAS – O bom de dar a voz a vários protagonistas é, precisamente, conhecer várias histórias e pontos de vista. Cada um com o seu caminho e com a sua singularidade, muitas acabam por ser mais parecidas ao padronizado. Há o jovem talentoso com sonhos ou o mais velho que saiu do college para arriscar o profissionalismo. Há também o menos abastado a tentar furar num desporto fora do alcance de todas as carteiras, mas também existe quem não passe dificuldades nem tenha estado ligado a apoio federativo. Nada disto é André Rodeia, o último elemento nacional a estrear-se no ATP Challenger Tour.
O início da história até é igual a muitas outras. Aos 23 anos, Rodeia estudou e competiu na University of the Pacific, nos Estados Unidos da América. Até aqui tudo normal. Só que quando se formou no verão passado não quis tomar qualquer risco e enveredou por uma carreira profissional ligada ao que estudou em terras do Tio Sam.
“Faz todo o sentido sair do college e tentar logo o profissional como a maioria das pessoas faz. Mas também financeiramente não é fácil. Quando decidi que ia começar a trabalhar não era assim tão fácil arranjar trabalho. E também queria preencher um bocadinho o meu currículo, ter um seguimento dos estudos. Foi uma decisão…se calhar não foi a melhor”, contou em conferência de imprensa no Complexo de Ténis do Jamor após a derrota por 6-1 e 6-2 contra o suíço Remy Bertola (283.º).
André Rodeia trabalha de segunda a sexta das nove da manhã até às 19 horas, isto na melhor das hipóteses como faz questão de mencionar. Depois, tenta não deixar morrer a grande paixão e joga “ténis com amigos” umas duas vezes por semana. “Tenho dificuldades em arranjar alguém para treinar a partir das sete”, lamenta.
“Vontade não falta” para que as duas passem a quatro e as quatro passem ao toda a hora, mesmo “que o dia no banco tenha sido duro estou sempre disponível para treinar. Até me faz bem sair de um cenário em que estou sentado o dia todo com o computador à frente”.
Das auditorias diárias, Rodeia passou em poucas horas para a competição num dos maiores torneios do país. Num jantar com os pais, um amigo ligou para dar a novidade inesperada. E agora os problemas acentuam-se, porque a “experiência incrível” despertou ainda mais “o bichinho” do ténis.
O capítulo na modalidade não estava fechado, agora há uma folha em branco pronta para ser escrita. “Está em cima da mesa” seguir o coração. Se dará resultado ou não não sabe, para já só tem de convencer as pessoas certas. A experiência única criou um dilema para resolver num futuro próximo.