COPENHAGA — A chegada com olhar apreensivo dos adeptos que iam paulatinamente compondo o recinto nesta manhã denotava que havia muito caminho a trilhar e depois de uma sexta-feira para esquecer a margem de erro da Dinamarca era inexistente. Mas a esperança nunca se chegou a desvanecer por completo e o espírito víquingue imperou até ao último ponto de um sábado de perfeição que metamorfoseou uma eliminatória que chegou a estar nas mãos da Sérvia.
Sob o olhar compenetrado de Mads Mikkelsen, ator dinamarquês que encarnou no célebre papel de ‘Le Chiffre’ — antagonista de James Bond em Casino Royale (2006) —, Elmer Moller tinha nas suas costas o peso de toda a nação. E foi impulsionado por duas vitórias prévias dos compatriotas que chegou, viu e venceu. Por 1-6, 6-4 e 6-3, diante de um destroçado Hamad Medjedovic (94.º), que teve no bolso o sonho da Sérvia em regressar à fase final da prova de seleções.
Em menos de meia hora o primeiro parcial teve destinatário conhecido, não tivesse Medjedovic assinado duas quebras de serviço consecutivas que arrefeceram (mas não por completo) o entusiasmo do público da casa. O cenário era mais turbulento para aqueles que não resistiram e que, pouco a pouco, iam abandonando a Royal Arena, mas Moller arregaçou as mangas para estancar o fluxo de desertores.
Sem se desmoralizar pelo choque no primeiro capítulo, o natural de Aarhus manteve-se entre a espada e a parede e por duas ocasiões soube como atuar para recuperar de um break conquistado pelo atleta dos Balcãs. Desencantou a fórmula necessária para ir um passo mais além e não desperdiçou a segunda chance para empurrar a decisão ao derradeiro parcial da derradeira partida da eliminatória.
O marcador registava a igualdade entre as duas nações, mas Elmer Moller poderia sentir ligeira vantagem do seu lado, com o fator casa a ser preponderante para os atos que se seguiam. Medjedovic até lançou o perigo com uma hipótese de quebrar o serviço, só que foi o anfitrião a voar mais além e tomar a dianteira com 4-2. Daí em diante, não perdeu nenhum ponto nos seus jogos e foi com uma esquerda sem resposta que deixou a sua pegada naquela que terá sido a tarde mais especial da ainda curta carreira.
Num dia de perfeição para o país escandinavo, também Holger Rune não fugiu ao protagonismo, com sucesso dividido entre o singular e um par em pleno, ao lado de Johannes Ingildsen. Se a Dinamarca já era o único país estreante entre os que integravam a primeira ronda de qualificação para o Grupo Mundial, agora tem ao alcance um histórico passaporte para as Davis Cup Finals — um objetivo que estará em jogo no próximo mês de setembro, frente à Espanha ou à Suíça.