Com tudo empatado, Rui Machado diz que “faltou experiência para lidar com muitos constrangimentos”

Anastasia Barbosa

MÓNACO — O primeiro dia de Taça Davis no famoso Monte-Carlo Country Club terminou com tudo empatado entre Portugal e Mónaco e o capitão luso, Rui Machado, destacou a experiência como o fator decisivo para a jornada inaugural não ter sorrido mais à equipa visitante.

“Foi um dia complicado, com muitos constrangimentos, a chuva, o teto a abrir, o teto a fechar, entrarmos para ir a jogo, sairmos. Acho que isso fez a diferença, é em situações destas que a experiência se nota bastante e hoje, no primeiro encontro, faltou-nos saber lidar melhor com estas situações, adaptar e fazer um encontro mais consistente. Sofremos muito com a mudança de condições”, reconheceu o capitão de 40 anos em declarações exclusivas ao Raquetc no seguimento da derrota de Jaime Faria e da vitória de Nuno Borges.

Sobre o primeiro singular, em que Faria cedeu perante Valentin Vacherot num embate que as condições de jogo foram alteradas de forma pouco habitual, Machado concordou que “não é nada comum haver este recolher da cobertura [depois de ser fechada], mas explicaram-nos que tem a ver com a segurança, porque não tem capacidade de aguentar com o vento. Foi igual para as duas equipas, mas eles estão mais habituados a lidar com este campo e este cenário.”

A alteração aconteceu depois do jovem português inverter uma desvantagem de 1-5 no tie-break do segundo set ao vencer seis pontos consecutivos, tarefa quase hercúlea que no entender do capitão também pode ter pesado no desfecho: “Foi todo um conjunto de situações que fez com que o encontro se desenrolasse desta maneira. Também faltou experiência para fechar o segundo set sem precisar daquela reviravolta no tie-break, porque isso, como sabemos, tem um custo altíssimo em termos de concentração. Infelizmente pagou-o logo no primeiro jogo, ao levar o break, e a partir daí o adversário sentiu-me mais confortável.”

A igualdade foi restabelecida num segundo singular sem histórica, uma vez que do outro lado da rede esteve um adversário que, curiosamente, era o capitão quem conhecia melhor: “Conheço-o há muitos anos, era um daqueles jogadores com quem tinha uma boa relação e bastante empatia. Já me tinham dito que jogámos uma vez numa final [vitória do português], mas não me lembrava, se calhar porque vivo intensamente o presente.”

Com tudo por decidir no domingo, o “Dia D” deste Mónaco-Portugal começará com um duelo de pares que incluiu dois especialistas monegascos (Hugo Nys é 25.º do ranking de pares, Romain Arneodo 75.º) e uma dupla portuguesa que há uma quinzena fez história ao tornar-se na primeira do país a jogar os quartos de final de um torneio do Grand Slam no Australian Open. Razão suficiente para o líder da equipa das quinas estar otimista: “Vai ser um par muito renhido. Eles são dois especialistas, mas nós temos uma dupla que vem de fazer uns quartos de final e, apesar de ter sido em piso rápido, o Nuno e o Francisco já jogaram juntos dezenas ou centenas de vezes em terra batida, portanto penso que isso [as credenciais dos monegascos] não será um fator contra nós.”

Se tudo correr bem, Borges voltará ao campo meia-hora depois com a possibilidade de selar a eliminatória; no pior cenário terá de vencer Vacherot (que há menos de um ano esteve mesmo à porta do top 100) para entregar a Faria a hipótese de vencer: “É um cenário raro no circuito, mas o Nuno já está preparado para esta situação de jogar primeiro um par e apesar de ter de haver uma mudança de chip se há coisa a que ele já nos habituou é precisamente que é fortíssimo mentalmente e sabe dar a volta a inúmeras situações.”

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