Jaime Faria no Australian Open: da estreia no qualifying ao recorde de precocidade

Jaime Faria viajou para Melbourne pronto a abraçar o desconhecido e regressou a Lisboa com o nome em várias páginas da história do ténis nacional graças a uma campanha inesquecível no Australian Open que o levou desde o qualifying até à Rod Laver Arena para defrontar Novak Djokovic na segunda ronda do quadro principal. Este foi o trajeto notável.

O famoso “Ready? Play!” que inaugurou a fase de qualificação assinalou a estreia do lisboeta no Major australiano e permitiu-lhe completar o Grand Slam de participações — um feito até então só ao alcance de 18 compatriotas (13 homens e 5 mulheres).

A campanha ainda mal tinha começado e o jovem de 21 anos, 5 meses e 2 dias já se tinha tornado no terceiro homem português mais novo da história a participar nos quatro torneios mais importantes do calendário, apenas superado por Nuno Marques e o amigo Henrique Rocha, que o acompanhou nesta digressão aos antípodas.

Ao entrar com o pé direito no qualifying, Faria tornou-se no 15.º português a celebrar uma vitória no Australian Open (10.º entre os homens) e dois dias depois assinou um feito raro, de certa forma até inédito: foi apenas o segundo homem a ultrapassar a fase de qualificação (Michelle Larcher de Brito e Maria João Koehler fizeram-no na prova feminina), mas no primeiro a fazê-lo em Melbourne, pois Frederico Silva teve de ir a Doha furar o qualifying pandémico.

A conquista de um bilhete dourado para o quadro principal já era, por si, histórica e o realizar de um objetivo que tinha apontado na entrevista de lançamento à temporada.

Mas o “Joker” português ainda tinha mais uma carta na manga e vulgarizou o russo Pavel Kotov. O feito fez dele apenas o sétimo homem português a vencer em quadros principais de torneios do Grand Slam e, sobretudo, no mais novo de todos a celebrar uma vitória a este nível.

Como prémio, atuou na Rod Laver Arena (só João Sousa, em pares, e Nuno Borges, em singulares, tinham competido no maior court de Melbourne Park) e foi lá que deu espetáculo ao tornar-se no primeiro português a ganhar um set a Novak Djokovic — e logo no palco em que o sérvio é recordista (10 títulos).

A campanha histórica de Jaime Faria também se refletiu na carteira (amealhou qualquer coisa como 124 mil dólares brutos, mais de metade dos 214 mil que tinha ganho em toda a carreira antes de chegar a Melbourne) e terá igualmente resultados no ranking, deixando o lisboeta mais perto do que nunca da estreia no top 100 mundial.

Total
0
Shares
Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.

Total
0
Share