Aleksandar Kovacevic era um homem feliz quando chegou à sala de conferências de imprensa do Indoor Oeiras Open e tal como no court, onde ao longo dos três encontros já realizados ainda não cedeu qualquer jogo de serviço, também à frente do microfone deu espetáculo: surpreendido e encantado com Portugal, este norte-americano que cresceu a admirar e imitar Roger Federer falou do objetivo que é voltar ao top 100, do gosto que tem por viagens longas e até do Cabo da Roca.
“O meu pai era um grande fã do Federer e eu era um grande fã do Federer quando era mais novo. Ainda sou, aliás. E foi ele que me ensinou a executar as pancadas e tentou modelar o meu jogo como o do Federer. Mas sempre que vejo vídeos dele penso que há coisas que são difíceis de replicar”, contou, com um brilho nos olhos, ao ser questionado sobre a esquerda a uma mão que serve de prato principal do ténis clássico que apresenta e arrasta curiosos por onde passa.
“Mas de certa forma, tendo em conta aquilo em que o ténis se tornou, quase desejava ter uma esquerda a duas mãos. É claro que a esquerda a uma mão é muito bonita e toda a gente o diz, mas o ténis tornou-se muito físico e acho que é mais difícil ser bem-sucedido com uma esquerda a uma mão, sobretudo por causa da resposta ao serviço. Por isso ganhas e perdes. Desde os meus 10 anos que elogiam o meu ténis, mas às vezes gostava que isso se traduzisse em mais vitórias. No final do dia os jogadores de ténis são entertainers, por isso é bom ter um jogo que as pessoas acham bonito. Mas quero levá-lo para os grandes torneios e mostrá-lo nos grandes palcos, que foi algo que consegui fazer no ano passado.”
Este norte-americano de 26 anos é mais um da geração de ouro que tem recuperado o estatuto de outros tempos para um país que se habituou a dominar o circuito masculino e tem laços fortes com a maior parte dos compatriotas de elite, em especial Frances Tiafoe, Tommy Paul por serem os que vivem “a cinco minutos”. E é a esse patamar que Kovacevic pretende voltar rapidamente, razão pela qual tem “o regresso ao top 100 como o primeiro objetivo para depois continuar a subir e ficar lá, nos grandes torneios.”
O Indoor Oeiras Open está a servir de palco à primeira grande campanha de 2025 para Kovacevic, que começou o ano na Austrália (perdeu na primeira ronda do Challenger de Camberra e na segunda do qualifying do Australian Oen) e ficou duplamente surpreendido com a viagem até Lisboa.
Primeiro “porque pensava que era uma viagem mais curta do que dos EUA para a Austrália, mas na verdade tive voos mais longos de Melbourne até cá. Primeiro foram 15 horas até ao Qatar e depois mais oito até Lisboa, mas na verdade gosto de viagens longas porque assim tenho tempo suficiente para dormir sem estar à pressa. Eu sei que é estranho e que não vão ouvir muitas pessoas dizer isto, mas acho as viagens muito longas relaxantes.”
Depois porque “Portugal está a ser uma agradável surpresa.” Os motivos já o leitor sabe quais são: “Nos EUA, quando as pessoas falam da Europa referem Espanha, ou Itália, mas não falam muito de Portugal. Por isso estou surpreendido e muito surpreendido por cá estar. A comida é excelente, a cidade é incrível e é um país lindíssimo. Nem todos os locais para onde viajamos são muito agradáveis, por isso estou mesmo muito feliz.”
Acompanhado por um treinador e pela namorada, o norte-americano tem aproveitado a presença da companheira para ficar a conhecer melhor Lisboa e arredores: “Ela tem feito a pesquisa e ainda não fomos comer ao mesmo sítio duas vezes. [Os restaurantes] têm sido todos muito, muito bons e também fomos a um sítio incrível em que tivemos de caminhar um pouco, não me lembro de como se chama. Cabo… Cabo da Roca, isso mesmo. É quase assustador, mas é muito bonito e foi sem dúvida um dos pontos altos até agora, mas quero ter a oportunidade de explorar mais. Dizem muito bem das praias no Sul.”
Se não tiver tempo suficiente será bom sinal, sinónimo de uma campanha recheada de sucesso num país onde poucos norte-americanos triunfam — o mais recente foi Nicolás Moreno de Alboran, na terra batida do Braga Open em 2022.