Se o Indoor Oeiras Open desse um livro contaria a epopeia de dois protagonistas que partiram de partes opostas do globo e superaram diversos obstáculos para se encontrarem no Jamor e por cá discutirem o primeiro título da época. Hamad Medjedovic e Liam Draxl serão os protagonistas da primeira final internacional de 2025 em Portugal e é certo que ambos terminarão a semana nas melhores posições das respetivas carreiras, mas só um poderá colocar as mãos no troféu mais desejado e ao mesmo tempo celebrar a entrada num lote restrito: o top 100 para o sérvio ou o top 200 para o canadiano.
A história de Medjedovic já aqui foi contada, por isso a conversa desta sexta-feira, na sequência do suado triunfo por 6-7(2), 6-4 e 7-5 sobre o contemporâneo Daniel Rincon em 2h54, foi sobretudo dedicada ao espetáculo que os dois proporcionaram na nave de campos cobertos do Jamor: “Acho que toda a gente gosta de fazer parte destes momentos. Apesar de ter sido muito difícil quer mental, quer fisicamente, é para fazer parte de momentos como este que trabalhamos e deixa-me muito feliz. Falei disto com o meu treinador no final, foi muito difícil e estou feliz por ter sido assim. Agora sinto-me ainda melhor por ter superado um desafio destes.”
O percurso do sérvio de 21 anos está a dar frutos, mas esteve perto de ir por água abaixo à primeira tentativa e aumentar as dúvidas em relação à decisão de abdicar do qualifying do Australian Open, dado que Egor Gerasimov chegou a servir para uma vitória em duas partidas no encontro da primeira ronda.
Medjedovic e Draxl partilham o sofrimento e neste capítulo o canadiano conseguiu resistir a ainda maior dose de dramatismo, uma vez que nos quartos de final salvou, de forma quase milagrosa, um match point frente a Samuel Vincent Ruggeri num frente a frente que por milímetros não sorriu a um adversário assoberbado por câibras na última meia-hora.
“É incrível ver que isto acontece várias vezes. Vemos muitas vezes jogadores a fazerem boas campanhas depois de salvarem match points ou entrarem como lucky losers. Estiveste tão perto de perder que não tens nada a perder e foi isso que me aconteceu há dois dias. Estive tão perto que perdi um pouco da pressão”, explicou com um grande sorriso já depois de vencer Rudolf Molleker por 7-6(6) e 6-0.
“Não sabia que ele tinha salvo match points. É curioso. Também estive perto de perder na primeira ronda quando o meu adversário serviu para a vitória em dois sets. Nunca sabes bem o que vai acontecer, mas temos ambos sorte por estarmos na final depois de ficarmos tão perto da derrota”, comentou o sérvio ao ser confrontado com o curioso percurso do derradeiro adversário.
Para este sábado, Medjedovic, o protegido de Djokovic, parte como favorito para aquela que será a sexta final da carreira no circuito Challenger (venceu quatro das cinco anteriores), às quais junta o mediático título no Next Gen ATP Finals de 2023 e a final no “seu” ATP 250 de Belgrado a fechar 2024. Esse encontro podia tê-lo levado ao top 100, objetivo que volta a estar a uma vitória de distância agora que tem a final do Indoor Oeiras Open para disputar.
“Infelizmente estou ciente disso porque alguém me disse durante a semana”, respondeu ao ser questionado sobre a possibilidade de finalmente entrar pela primeira vez na elite do circuito. “Estou a tentar encarar a final como apenas mais um encontro normal e se não acontecer tenho a certeza de que terei mais oportunidades. Estou feliz por estar nesta posição e para ser sincero mal posso esperar por voltar ao court e lutar pelo título.”
Já Draxl, assegurou uma subida de 38 posições com o apuramento para a final e independentemente do resultado vai celebrar no Jamor a chegada à melhor classificação da carreira (pelo menos 208.º), mas se conquistar o título conseguirá mesmo garantir a entrada no top 200 pela primeira vez.
E assim chegamos ao Jamor como ponto de encontro entre um homem que optou por não ir à Austrália jogar o qualifying do primeiro Grand Slam do ano e outro que de lá voltou depois de defender as cores do país na United Cup, a prova que foi “inspiradora por ver de perto o empenho de todos na equipa” e que o fez recordar “os tempos de college” pelo “espírito de equipa e ambiente” entre a seleção canadiana que se ficou pela fase de grupos.