OEIRAS – Rui Machado, diretor técnico nacional e capitão português da Taça Davis, costuma dizer aos seus pupilos que “não é quando queres, é quando consegues”, a propósito da altura em que chegam certos momentos da carreira dos tenistas. Ora, Frederico Silva já viveu a experiência de disputar os quatro torneios do Grand Slam e é para lá que quer regressar em 2025, depois de um ano onde precisou de rebaixar face à operação no ombro esquerdo que o fez resvalar no ranking.
O top 300 está à porta, os Grand Slams não estão assim tão longe de voltar ao calendário, mas o certo é que o atual número quatro nacional arrancou a temporada na nave dos campos cobertos do Complexo de Ténis do Jamor para a tripla edição do Indoor Oeiras Open. O começo veio com o pé direito à frente depois do triunfo sobre adversário peculiar e agora segue-se o cabeça de cartaz da prova, o talentoso sérvio Hamad Medjedovic, que optou por não viajar para os antípodas quando tinha mais do que cotação para lá estar. O que é quase motivo estupefação para Frederico Silva.
“Não sei o que é que se passou com ele para estar aqui. Não sei se esteve parado e se está a querer voltar ou se não quis ir para a Austrália por ser longe. Não sei o que aconteceu. Eu na posição dele teria ido 10 mil vezes para lá, apesar deste torneio ser em Portugal”, confessou o caldense, de sorriso na cara.
A decisão de Medjedovic trouxe-o ao Jamor, onde aparece como principal favorito ao título. “Decisões à parte, vai ser um encontro contra um jogador praticamente top 100 [é 112 ATP]. Obviamente vai ser bastante difícil. É um jogador muito perigoso, serve muito bem, tem pancadas de fundo muito rápidas, muito pesadas. Vou ter de fazer melhor do que fiz hoje se quero ter hipóteses”, sublinhou.
A única vantagem é ter um estilo de jogo “mais normal” do que o oponente inaugural. Trey Hilderbrand apresentou um ténis característico que dificultou o primeiro sucesso do ano. “Sabia que não ia ser um encontro em que me ia sentir muito confortável e que ele não me ia dar muito ritmo de jogo, mas acho que fui bastante competente a responder ao serviço e, apesar de ser a melhor arma dele, acabei por fazer mais breaks do que estava à espera. Também sofri mais do que esperava, mas tive uma boa atitude, mantive-me positivo apesar dos altos e baixos e fiquei contente com a vitória”, analisou Silva após superar um adversário que veio para a rede à mínima chance e que praticamente só usava slices nas poucas vezes em que esteve no fundo do campo.
A confiança reina para o luso de 29 anos mesmo perante o desafio em perspetiva, marcado para esta quarta-feira no segundo embate das 13 horas. A expetativa para continuar o momento criado em 2024 (três títulos em cinco finais e cerca de 300 lugares ganhos na hierarquia desde junho) é, igualmente, elevada, mesmo que a pré-época tenha tido um pequeno percalço no pulso esquerdo. Nada que lhe seja novidade, mas até no plano físico há confiança no sucesso.