LISBOA — Francisco Cabral não saiu do Del Monte Lisboa Belém Open com o que procurava quando chegou ao Club Internacional de Foot-Ball, mas tem bem definido o caminho a percorrer para voltar a ser presença assídua entre os melhores jogadores de pares do mundo. Mesmo se esta é uma fase com mais dúvidas, menos confiança e uma certa sensação de contra-relógio.
“Foi um torneio difícil, começando logo pela chuva, que era algo com que eu não estavaa contar. Achei que ia ser uma semana tranquila a esse nível e na minha cabeça íamos jogar a semana toda lá fora. Não foi ideal termos jogado indoor porque o jogo é completamente diferente, muito mais rápido. E faltou um bocadinho de nível da nossa parte, da minha parte, mas os pares é assim, a fase não é a melhor, tenho tentado e tenho trabalhado, mas os resultados não estão ao nível que eu gostava que quisesse”, reconheceu logo no arranque da conferência de imprensa.
Visivelmente cabisbaixo, Cabral manteve, no entanto, o otimismo em relação ao futuro, consciente de que o na variante em que se especializou tudo pode mudar de uma semana para a outra. “Se aqui tivesse ganho mais um ou dois jogos se calhar o meu final de ano seria completamente diferente porque nos pares vivemos muito da confiança e a confiança vem com vitórias, não vem nos treinos. Posso ganhar a toda a gente nos treinos, mas se depois perder na primeira ronda a confiança continua em baixo, portanto [a solução] passa por continuar a trabalhar, tentar melhorar aquilo em que eu não estou tão bem e procurar criar outra vez um bocadinho o momentum.”
Depois de ter jogado grande parte da temporada ao lado do brasileiro Rafael Matos e do colombiano Nicolas Barrientos, o portuense está, atualmente, sem parceiro fixo e esse é um dos temas que o apoquenta há várias semanas: “Neste momento não tenho nada para dizer em concreto. Idealmente quero ter um parceiro fixo, só que o meu ranking não é o que eu queria e não me permite escolher com quem quero jogar como já pude fazer anteriormente. Gostava de ter alguém para acabar o ano bem e conseguir fazer um calendário até novembro ou dezembro porque não queria falhar a Austrália.”
Nesse sentido, ainda nem o Braga Open da próxima semana é paragem garantida na rota do especialista português, embora o cenário mais provável seja a ida a jogo. Se assim for, será ao lado do francês Théo Arribagé.
Bem mais certo é que a carreira “ainda é longa” e se o bilhete de identidade já indica 27 anos de idade também é sabido que “nos pares a idade média é 34, 35, portanto ainda sou um bocadinho bebé e a carreira de pares é muito longa. Ainda estou no meu terceiro ano a jogar pares, posso ser considerado um rookie ao pé dos outros.”
Com muito por decidir até ao final da época, Francisco Cabral também tem em cima da mesa a possibilidade de voltar a recorrer a uma equipa técnica mais permanente: “Nos últimos anos tenho procurado fazer as coisas um bocadinho sozinho, mas é sem dúvida algo em que eu tenho pensado há algum tempo e espero poder começar em dezembro com uma equipa técnica mais estruturada do que aquilo que eu tive nos últimos dois anos e meio, três. Porque é verdade que cheguei onde cheguei e conquistei o que conquistei muito sozinho, mas talvez isso me tenha limitado um bocadinho a visão e feito pensar que não preciso de mais ninguém, mas neste momento sinto que preciso de uma ajuda.”