Elias desesperado: “Sinto que isto é atletismo e quem tem mais força ganha vantagem”

Sara Falcão/FPT

LISBOA – As bolas têm sido a maior dor de cabeça para Gastão Elias. Já em janeiro no Indoor Oeiras Open, numa prova no qual atingiu a única final da temporada, que o tenista da Lourinhã tinha vocifrado sobre a falta de qualidade das pequenas amarelas. Esta segunda-feira depois de perder na estreia no ‘seu’ Challenger do CIF, o número quatro nacional voltou a desabafar criticamente.

“Amanhã vou treinar e nem sei bem o que treinar. Não consigo analisar o encontro em termos táticos e até estou surpreendido por ter servido para fechar o primeiro set. Com estas bolas não consigo jogar, são demasiado lentas, perto do injogável. Sempre que vou para dentro do campo dou o máximo, mas cada bola que bato é no limite, quase a 100% das minhas capacidades”, o que frente a um adversário alto e possante como Raphael Collignon é especialmente uma desvantagem. “Não consigo analisar taticamente porque não consigo sequer chegar à tatica quando jogo”.

Sem ser capaz de fazer mossa do fundo do campo, o tenista de 33 anos lamenta que as bolas usadas nos torneios portugueses – Wilson Roland-Garros – não o façam potenciar “o melhor país do mundo” para jogar torneios. “Somos os únicos a usar esta bola, lá fora é mais fácil para o meu estilo de jogo. É desesperante e isso leva-me a cometer erros porque perco a paciência. Sinto que só jogo o que me deixam jogar. Chego a parecer um iniciante porque eu preciso de fluidez para jogar, não posso fazer força para jogar [bem], não é o meu estilo de jogo”.

“Sinto que isto é atletismo e que quem tem mais força e quem corre mais rápido tem vantagem. Passou a ser um desporto de gigantes, as condições fazem com estes jogadores sobressaiam”. E até deu o exemplo de Diego Schwartzman, tenista argentino de 1,70 (ou menos) que figurou no top 10 e entrou em declínio depois da pandemia. A qualidade das bolas é, aliás, tema regular entre os tenistas de topo.

Será com a mesma marca de bolas que irá ainda a jogo neste Del Monte Lisboa Belém Open ao lado do bom amigo Gonçalo Falcão, “jogador icónico” do ténis nacional que encerra a carreira esta semana, o que é “uma honra” para o campeão de dez títulos Challenger. E apesar da nostalgia de ver os colegas contemporâneos abandonar a modalidade, o antigo top 60 ATP espera “ainda ter muitos anos e acompanhar muitas gerações portuguesas”.

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