BEKKESTUA — Rui Machado viajou para Oslo com uma decisão a tomar em relação ao segundo encontro de singulares e acabou por ter a tarefa facilitada por uma má razão: a lesão no pulso esquerdo afastou Nuno Borges do primeiro dia da eliminatória da Taça Davis frente à Noruega, sendo inclusive difícil a ida a jogo no segundo e último, um contratempo que apesar de tudo não mexeu na esperança do capitão português.
“Não era o que queríamos, mas infelizmente neste momento o Nuno não se sente em condições de jogar. No último mês tem vindo a sofrer um bocadinho com algumas dores no pulso esquerdo e esta semana acabámos por perceber que não estava em condições para competir. Estamos a fazer alguns exames médicos para ver se será possível contar ou não com ele mais à frente na eliminatória e sei que vai ser difícil, mas se for possível obviamente gostaria de contar com ele”, começou por explicar o selecionador nacional ao Raquetc logo após o sorteio que confirmou as idas a jogo de Jaime Faria e Henrique Rocha no primeiro dia.
Borges falhou, inclusive, a cerimónia desta quinta-feira por ser “o único momento” em que foi possível agendar um dos exames necessários para esclarecer o estado da lesão do número um nacional, que se espera ser “uma sobrecarga de um longo ano e de um longo mês” e não “algo mais grave”, mas que ainda assim “exige atenção e que façamos as coisas da maneira certa porque em primeiro lugar está a integridade física dos jogadores.”
Apesar da ausência de Nuno Borges, o selecionador português mantém a esperança de sair Bekkestua com um desfecho semelhante ao de há um ano em Schwechat, nos arredores de outra capital europeia (Viena), onde Portugal venceu a Áustria por 3-1.
“Sabíamos que vinhamos aqui com uma equipa homogénea, não em termos de ranking, mas porque todos os jogadores estão com um grande nível e têm argumentos para ir a jogo. Foram selecionados os dois que eu considero que estão na melhor forma e que podem ter a melhor performance. É claro que o Nuno está na melhor forma da carreira e apesar de não haver garantias no ténis seria sempre uma forma diferente de olhar [para a eliminatória], mas o Jaime e o Henrique já não são jovens promessas, são a realidade do ténis português e os resultados deles nos últimos anos falam por si. Não são os mais experientes, mas a experiência também só se ganha ao entrar em jogo e acho que continuamos com boas possibilidades nesta eliminatória”, analisou.
Sobre a equipa da casa, o ex-tenista e atual treinador algarvio de 40 anos não hesitou em dizer que “o Casper [Ruud] está um nível acima dos nossos, inclusive do Nuno, porque os resultados falam por si”, mas viu com bons olhos o encaixe entre os dois países: “Eles têm um júnior muito bom que certamente terá as suas armas, mas não é o jogador mais experiente e nesse aspeto os nossos são um pouco mais, são muito ambiciosos e sei que vão entrar para o campo desta maneira e que só não vão ganhar se não for possível.”
Sobre as condições encontradas na Nadderud Arena, Rui Machado destacou que apesar das condições corresponderem à vontade dos anfitriões também encaixam nos visitantes: “O histórico da nossa seleção em eliminatórias fora não é muito favorável, mas não é em relação à maioria das equipas. E também é preciso avaliar as equipas anteriores e as nossas seleções anteriores, inclusive na minha altura, eram equipas menos adaptadas ao piso rápido e às condições indoor. Agora esse já não é o caso, estes jogadores são muito versáteis, estão preparados para todas as superfícies e por isso o facto de jogarmos em hard courts indoor já não é necessariamente desfavorável.”
A eliminatória deste fim de semana entre Noruega e Portugal dá acesso às Davis Cup Qualifiers — a ronda única de acesso à fase final da competição, marcada para fevereiro de 2025, em que a seleção nacional procura estar pela sexta vez.
Na sexa-feira, 13 de setembro, o primeiro encontro começará às 18h locais (17h de Lisboa) e colocará frente a frente Jaime Faria (157.º ATP) e Nicolai Budkov Kjaer, número um mundial de juniores que nos últimos meses foi campeão de Wimbledon e vice-campeão do US Open sub 18; logo a seguir, Henrique Rocha (159.º) jogará contra Casper Ruud (9.º e número dois mundial pela primeira vez há exatamente dois anos), a grande estrela da eliminatória.
No sábado, 14 de setembro, a ação começa às 14h locais (13h de Lisboa) com um encontro de pares, seguido dos últimos dois singulares. Os capitães terão até uma hora antes do início dos embates para proceder a alterações nas nomeações para essa jornada.