André Santos viajou com Nuno Borges para Bastad (Suécia) e lá ficou sozinho quando Neuza Silva seguiu para Umag (Croácia) com outros dois jogadores do CAR, um cenário raro, mas não inédito para o fisioterapeuta da Federação Portuguesa de Ténis e que até repetiu o desfecho com ambiente festivo de uma viagem anterior. Desta vez elevado a um patamar histórico pela dimensão do feito alcançado pelo maiato, campeão de um ATP 250 em terra batida após derrotar Rafael Nadal em plena final.
Nas primeiras horas das celebrações houve tempo para uma conversa com o Raquetc sobre “uma semana muito intensa e inesquecível”, mas que “não surpreendeu porque sempre soubemos que ele estava em forma e que podia fazer algo assim.”
“Eu vivo tudo muito intensamente e às vezes fico roto com um encontro e chego ao final do dia de rastos, mas sou um fisioterapeuta de alta competição e é para estes momentos que trabalhamos, para estarmos nos grandes palcos. É o culminar de um sonho também para mim ter a oportunidade de estar com o Nuno nestes torneios e um título é um título, ele nunca mais se vai esquecer disto e eu também não. Acho que ninguém se vai esquecer. Foi contra o Nadal, foi épico, foi inédito e foi histórico para o ténis português”, desabafou Santos.
Sobre Borges, os elogios são quase tirados a papel químico das declarações dos restantes elementos do CAR, tal é a unanimidade em relação ao maiato: “É um prazer estar aqui com uma pessoa tão humilde, tão trabalhadora, tão honesta e tão focada. Há muitos treinadores e muitos jogadores que estão a enviar-nos mensagens e o Nuno está de parabéns, mas também quero ressalvar que toda a equipa e todo o projeto do CAR está de parabéns, desde os treinadores, aos preparadores físicos, os fisioterapeutas, a nutricionista, os psicólogos, estamos todos de parabéns e estamos a festejar isto intensamente.”
Visivelmente emocionado com o que acabara de viver, Santos também destacou “a conjugação de fatores” que incluiu “a vinda do Jaime, do Henrique, do Francisco e da Neuza a este torneio, porque todos eles acrescentaram algo diferente e fizeram com que fosse muito bom estarmos aqui em grupo.”
Faria passou o qualifying e perdeu na primeira ronda do quadro principal e Rocha cedeu no duelo com Borges na segunda ronda, já depois de Cabral ter perdido ao lado do maiato na estreia em pares, pelo que entretanto seguiram para Umag acompanhados pela treinadora. E assim ficaram apenas Santos e Borges, que em Bastad reeditaram o cenário de Phoenix 2023, uma semana em que também viajaram sozinhos e que culminou na conquista do primeiro ATP Challenger 175 da história (defendido com sucesso em 2024).
“É engraçado porque quando o Nuno ganhou esse torneio tínhamos lá um sparring [parceiro de treinos] sueco que vive aqui e também o aqueceu durante esta semana”, contou entre mais elogios ao número um nacional, que descreve como “um excelente atleta e uma excelente pessoa” que “é diferenciado em termos psicológicos porque acredita muito e trabalha para poder sonhar.”
André Santos já conta “entre 30 a 40 semanas” a acompanhar o melhor tenista portugês da atualidade e oportunidades como a de Bastad, em que está exclusivamente dedicado ao maiato, permitem-lhe aprofundar o trabalho: “O principal fator para o sucesso é ter rotinas de mobilidade e prevenção bastante bem criadas e sabermos o que é que temos de trabalhar. Eu já o conheço muito bem, quase sei de olhos fechados se ele tem uma dor e de onde é que vem. Não gosto de mexer nas rotinas, mas aproveito estas semanas em que estou só com ele para lhe levar algum conhecimento diferente e tentar trabalhar alguma coisa mais específica. Gosto de lhe mostrar porque é que fazemos as coisas e convencê-lo de que este é o caminho. Às vezes isso demora tempo, demora tempo ter tempo para falar com um atleta destas coisas e em torneio às vezes temos mais tempo.”