LONDRES — Francisco Cabral celebrou em Wimbledon pela terceira vez e carimbou o apuramento para a segunda ronda ao lado de Nicolas Barrientos graças àquela que considerou ser a maior vitória da carreira até ao momento. No rescaldo exclusivo ao Raquetc no All England Club também falou do momento de forma e dos conselhos que tem recebido de um ex-número um mundial.
“Foi uma excelente vitória, nós temos vindo a trabalhar bem e a acreditar muito no que temos feito nos treinos e todos os jogos que fizemos nesta temporada de relva foram bons. Quando perdemos foi sempre nos detalhes, mas também ganhámos alguns assim e isso é importante porque dá-nos alguma confiança para tie-breaks como os de hoje e momentos deste peso que na relva acontecem quase sempre”, disse o especialista português (atualmente no 62.º lugar do ranking mundial de pares) depois de eliminar Ivan Dodig e Austin Krajicek, que há menos de um ano eram a melhor dupla do mundo.
“São jogadores com muita qualidade e com muita experiência e acaba por ser uma das, senão mesmo a maior vitória da minha carreira”, rematou Cabral, que em 2022 conquistou dois títulos ATP e chegou ao 45.º lugar.
Numa superfície em que “é difícil chegar com boas sensações porque os pontos são sempre muito rápidos e torna-se ainda mais difícil responder a um bom serviço”, o jogador portuense considerou que “aquilo que pudemos controlar ao longo do encontro fizemos muito bem, que foi servir, cobrir bem a rede e terminar os pontos nos momentos certos. Isso fez a diferença nos dois tie-breaks, em que conseguimos mexer muito com eles e jogar muito bem em equipa.”
Para o muito saboroso triunfo desta quarta-feira contou a bagagem acumulada ao longo dos últimos meses, em que “perdi muitos encontros em super tie-break e agora acho que foi por alguma razão. Se caohar não estava a trabalhar tão bem, ou não fui corajoso, ou não estive ligado ao meu parceiro como sinto que eu e o Nico estamos agora. Temos objetivos traçados em termos de treino e em plano de jogo e isso ajuda a clarificar tudo nos momentos mais tensos.”
Wimbledon é o segundo torneio do Grand Slam que Cabral e Barrientos jogam juntos, mas o primeiro em que conseguem celebrar e que assinala um mês de uma ajuda especial: a dupla tem sido acompanhada por Juan Sebastián Cabal, ex-número um mundial que em 2019 venceu este mesmo torneio e ainda o US Open, sempre ao lado do compatriota Robert Farah. “Acabou a carreira muito recentemente e é muito amigo do Nico, por isso surgiu a oportunidade de viajar connosco este mês e tem estado connosco na temporada de relva. Está a ser uma aprendizagem diária que começa logo pela intensidade que ele mete e pela exigência que mete em cada treino, em cada pancada. É diferente daquilo que eu já tive e está a ajudar-me muito, por isso só tenho de estar grato pela oportunidade.”
Para voltar a adiar a despedida da relva e alcançar o melhor resultado em Wimbledon, que lhe permitiria igualar a campanha de há um ano em Roland-Garros, Cabral terá de vencer ao lado de Barrientos um adversário que já uniu esforços com ambos: o brasileiro Rafael Matos, desta vez a formar parceria com Marcelo Melo.
Entre eles, explicou, naturalmente “não há segredos”, por isso será “um encontro giro, com muita qualidade” e para o qual parte com confiança acrescida depois desta exibição: “Se jogarmos ao nível de hoje e com esta entrega e esta entrosão vamos ter as nossas hipóteses de vencer.”