A noite caiu e com ela esteve perto de cair o campeão em título, mas Novak Djokovic voltou a demonstrar porque está na discussão sobre os melhores da história e evitou a primeira derrota dos últimos 15 anos antes da segunda semana de Roland-Garros. Eram 3h07 em Paris, onde nunca se tinha jogado até tão tarde.
Depois de mais um temporal, já passava das 22h30 locais quando sérvio e italiano entraram no Court Philippe-Chatrier para o último encontro de um dia — mais um — que se estendeu pela noite e por lá ficaram durante 4h29, até que o favorito segurou o barco e triunfou por 7-5, 6-7(6), 2-6, 6-3 e 6-0.
Jannik Sinner, que já estaria a dormir, chegou a estar a apenas um set de se tornar no novo número um mundial. O campeão em título do Australian Open (e herói da última edição da Taça Davis) ainda continua na pole position para o fazer a tempo da próxima atualização do ranking, logo após Roland-Garros, que pode fazer dele o 29.º homem da história a chegar ao topo e no primeiro a fazê-lo com a bandeira de Itália.
Djokovic esteve a um ponto de ficar com uma vantagem de dois sets a zero, mas a reação de Musetti na reta final do tie-break roçou a perfeição e mudou o rumo do encontro. 15 anos mais novo, o italiano lidou melhor com as condições lentas e explorou o cansado do sérvio, visivelmente em dificuldades, para construir mais uma vantagem neste frente a frente em Paris — em 2021 chegou a liderar por dois sets a zero contra o mesmo adversário…
Em sérios riscos de perder pela primeira vez desde 2009 na terceira ronda de Roland-Garros e apenas pela terceira ocasião nos 54 torneios do Grand Slam que disputou desde então (após Wimbledon 2016 e Australian Open 2017) antes de uma segunda semana, Djokovic virou o jogo.
Já para lá das duas da manhã, o sérvio reinventou-se, dominou desde a linha de fundo e assinou seis quebras de serviço consecutivas para fechar o encontro. O braço de ferro tornou-se de sentido único a partir do momento em que Djokovic fez o primeiro break no quarto set, com o rendimento e a confiança de Musetti a caírem a pique.
Às 3h07, Novak Djokovic assinou, de longe, a vitória mais tardia da história desde Roland-Garros, onde só há quatro anos é possível jogar com iluminação artificial (até 2019 os encontros eram interrompidos devido à falta de luz natural, este nem teria começado).
Foi precisamente nessa edição de estreia dos holofotes do Court Philippe-Chatrier que se jogou aquele que até esta madrugada era o encontro com o final mais tardio, com Rafael Nadal a derrotar Jannik Sinner nos quartos de final à 1h26 da manhã.
Para além de ter segurado a permanência no topo do ranking por mais um dia (tem obrigatoriamente de chegar às meias-finais, mas se Sinner chegar à final nem a defesa do título é suficiente), Novak Djokovic igualou o recorde de vitórias em torneios do Grand Slam.
O sérvio já tinha igualado Serena Williams (367) na abertura da campanha e este domingo alcançou os 369 triunfos de Roger Federer.