Cabisbaixo, Nuno Borges lamenta “não ter caparro para gerar tanta força como outros” e critica “espera duríssima”

António Borga

PARISNuno Borges não teve o regresso a Paris que desejava e despediu-se de Roland-Garros na primeira ronda com uma derrota em três sets para o checo Tomas Machac num dia marcado pelo longo atraso devido à chuva que recebeu várias críticas do número um português pela forma como foi gerido pela organização.

“Faltou-me jogar melhor. Nalguns momentos ainda tive hipóteses de fazer a diferença, mas não estive bem. Não há desculpas, mas estas condições eram muito difíceis para mim. O meu estilo de jogo, a minha bola não anda igual e eu ainda não tenho aquele caparro para gerar força como muitos jogadores têm”, lamentou aos jornalistas portugueses presentes em Paris.

“Ainda acabei o segundo set a pensar que dava, mas ficou cada vez mais difícil. Mais frio, mais chuva, o campo mais pesado e as bolas cheias de terra e a perder por dois sets a zero torna-se mais difícil ver o bright side. Começou tudo a pesar-me muito e foi muito difícil”, acrescentou o maiato, que via “a bola a voltar, a voltar, a voltar e eu sem conseguir fechar os pontos.”

Depois de atribuir o mérito ao adversário pela forma como “jogou melhor” para aproveitar os erros que cometeu, Nuno Borges também teceu críticas à forma como a organização lidou com o atraso de quase cinco horas causado pela chuva, que adiou o encontro das 11h para as 16h: “É duríssimo, é duríssimo [tentar que a situação não atrapalhe]. Acordei muito cedo para um encontro às 11h, depois adiam-no de meia em meia-hora, o que eu acho ridículo porque as previsões diziam chuva, chuva, chuva.

“Depois mandam-nos para o campo quando está literalmente a chover, batemos duas bolas e decidimos que não vamos começar para depois repetir todo o processo. Adiaram constantemente de meia em meia-hora, mas só estavam a avisar-nos 15 minutos antes, ou seja, quando estava para as 12h diziam-nos às 11h45 que ia ser adiado. Temos de estar sempre em alerta durante cinco horas. Foi igual para os dois, mas acho completamente desnecessário que num torneio destes, que não estava atrasado e em que a forma como eles cobrem os campos permite que voltemos praticamente assim que pára de chover. Percebo que haja pressão e que tenham muitos bilhetes vendidos, mas entrarmos para jogar dois pontos e sairmos não é bom para ninguém. Ter o primeiro encontro num dia destes é uma posição muito chata, se fosse o terceiro ou o quarto teria estado mais tranquilo, mas assim tenho de estar sempre pronto para jogar”, lamentou Borges.

Há uma semana em Paris para preparar “nas melhores condições” a terceira participação consecutiva no quadro principal, Nuno Borges despediu-se do torneio de singulares “desapontado e muito frustrado” com as circunstâncias da derrota desta terça-feira, mas com a certeza de continuar “no caminho certo”.

Afinal, recentemente fez história ao chegar à quarta ronda do ATP Masters 1000 de Roma e os anteriores resultados na superfície, com destaque para os quartos de final do Millennium Estoril Open, também não tinham precedentes.

A análise a quente não lhe deu tempo suficiente para o devido distanciamento, mas no horizonte está um regresso a Paris para cumprir o sonho de atuar nos Jogos Olímpicos, estando a sua presença mais do que assegurada e apenas à espera da confirmação oficial por parte das entidades envolvidas na competição global.

Antes, no entanto, segue-se a relva, à qual quer “fazer o possível para me adaptar” e lutar por “um bom resultado” no regresso a Wimbledon, onde em 2023 estava encaminhado para a primeira vitória da carreira no quadro principal quando uma entorse lhe estragou os meses seguintes.

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