PARIS — Francisca Jorge inaugurou a participação portuguesa nesta edição de Roland-Garros e saiu desiludida da estreia no torneio do Grand Slam que teve como sonho jogar. Derrotada na primeira ronda do qualifying, a número um nacional fez uma auto-crítica lúcida após a derrota por 6-4 e 6-1 para a japonesa Sara Saito na jornada desta segunda-feira.
“Foi pena porque não consegui gerir bem as emoções. Ter tantos portugueses cá a apoiarem-me do primeiro ao último ponto foi super especial. E ter a minha família cá também, porque trazê-los a um Grand Slam era um objetivo e que consegui cumprir. Mas não consegui jogar o meu melhor ténis e acho que senti demasiado o momento e o querer fazer tudo por tanta gente” admitiu em declarações ao Raquetc depois de jogar pela primeira vez em Paris.
A melhor tenista portuguesa da atualidade fez grande parte da preparação enquanto estava “a tomar antibiótico” e esta segunda-feira ainda acordou “com bastante tosse”, mas desvalorizou as dificuldades físicas. “Não foi de todo um fator que tenha implicado, porque ao longo do dia já estava bem. Foi mais o facto de não ter conseguido jogar o meu melhor ténis e de ir à procura de soluções.”
Sobre a adversária, que não conhecia, Francisca Jorge revelou ter ficado bastante surpreendida: “É curioso porque nós tínhamos uma ideia dela completamente diferente da forma como jogou. É japonesa, é júnior, passa a maior parte do ano em piso rápido e as pessoas com que nos fomos cruzando foram-nos dizendo que ela era uma jogadora mais agressiva e que gostava de bater na bola. Não a conhecendo fiei-me um bocadinho nisso e depois como ela fez um jogo diferente não consegui gerir essa mudança. Não tive a melhor abordagem ao encontro e depois não estava lúcida para fazer essa adaptação em cima da hora.”
Apesar do resultado desapontante, a tenista nascida em Guimarães considerou “muito especial” ter a oportunidade de viver “uma semana diferente” em Roland-Garros, onde ao contrário do que experienciou no Australian Open, para onde viajou apenas com o treinador, Vasco Antunes, tem tido a possibilidade de “ver várias pessoas conhecidas e falar a nossa língua”, até porque a comitiva portuguesa é mais composta — Henrique Rocha e Jaime Faria também jogam o qualifying.
Nas próximas semanas seguem-se, ao que tudo indica, os dois últimos desafios em terra batida — um ITF W75 e um WTA 125 — antes de “mudar o chip” para pisar pela primeira vez a relva no qualifying de Wimbledon.