Foi com casa cheia e um ambiente propício a quadro principal que Dominic Thiem — o por duas vezes finalista (2018 e 2019) que foi “ignorado” da lista de convidados — iniciou a última participação da carreira em Roland-Garros com uma vitória no qualifying.
A caminho da reforma, o austríaco (vai pendurar as raquetas precisamente no ATP 500 de Viena, em outubro) deu a volta ao italiano Franco Agamenone para vencer por 3-6, 6-3 e 6-2.
Apesar de ter anunciado o final da carreira antes da divulgação dos wild cards, Thiem não recebeu a consideração dos responsáveis de Roland-Garros, que à exceção dos convites recíprocos previamente acordados com as federações australiana e norte-americana só abriram a porta a tenistas da casa.
O reconhecimento que lhe faltou da organização foi-lhe dado pelo público, que no final da manhã desta segunda-feira, o primeiro dia de qualifying, preencheu por completo as bancadas do Court Suzanne-Lenglen — o segundo maior do Stade Roland-Garros.
Longe dos dias em que era apontado como o sucessor de Rafael Nadal na terra batida, o ex-número três mundial (atualmente ocupa o modesto 131.º lugar) voltou a sentir as dificuldades que o levaram a tomar a decisão mais difícil e precisou de três partidas para avançar.
Agamenone mostrou-se à altura do desafio e abraçou o papel de vilão com a calma de quem sabe ser apenas o azarado adversário do grande favorito do público, sendo inclusive da raqueta do italiano a maioria das pancadas que fizeram levantar o estádio.
Thiem, por sua vez, não desesperou com a perda da primeira partida, soube ser paciente e aumentou a pressão no serviço do italiano a partir do segundo set. Longe do peso de bola que outrora o distinguia e lhe dava tanta autoridade, o austríaco apostou nas variações do ritmo de jogo (destaque para os muitos amorties) e construiu, a custo, a sua própria felicidade.
À exceção do formato (no qualifying joga-se à melhor de três e não cinco sets), este foi um dia como todos os outros para Dominic Thiem em Roland-Garros. E talvez fosse disso mesmo que ele precisava.
À espera estava já o finlandês Otto Virtanen (156.º), que se tornou no primeiro vencedor do torneio.