OEIRAS — Henrique Rocha (206.º) bateu-se de igual para igual num desafio que o opunha à principal cabeça de cartaz desta semana no Complexo de Ténis do Jamor, mas não alimentou o ascendente depois de ter conquistado o primeiro set e ao fim de quase duas horas foi Alex Michelsen (69.º) quem teve razões para celebrar, através de 4-6, 6-3 e 6-4. Apesar do resultado amargo, o maiato saiu de cena no Oeiras Open com boas indicações para os voos mais altos que se avizinham já na próxima semana em Roland-Garros.
Frente a um adversário fora do seu habitat de piso rápido (e a aventurar-se este ano pela primeira vez pela terra batida europeia), Rocha admitiu que não se conseguiu ambientar com o vento e aguaceiros que se fizeram sentir esta tarde: “Hoje não estavam as melhores condições para jogar. Consegui mesmo assim fazer um bom jogo, a um bom nível. O Alex não está assim tão habituado a jogar em terra, mas conseguiu causar-me dificuldades com a esquerda e com o serviço.”
Não sentiu peso acrescido por encarar o maior favorito da semana e membro da elite do ranking mundial, mas sim por se ter deparado com um jogador da mesma faixa etária que vive uma boa fase: “Não é por defrontar um top 70, mas se lá está sem dúvida que é um bom jogador e que está num bom momento. Tem a minha idade e já está no top 70 mundial. Hoje foi melhor que eu, sem dúvida. Se calhar o nível nem estava tão diferente hoje, talvez noutro piso fosse mais diferente. Tive as minhas oportunidades para ganhar.”
Encerrada a semana “em casa”, Henrique Rocha vai estrear-se dentro de dias em torneios do Grand Slam, e segue com a companhia de Jaime Faria (que esta terça-feira confirmou a entrada a fase de qualificação) para Paris. Já conhece os cantos à casa e deixou bem claro que não se contenta com qualquer que seja o resultado: “Tive a oportunidade de jogar lá em júnior, tenho um bocado a noção de como são os campos, já joguei singulares e pares. Não vai ser assim tão estranho, aquela primeira vez em que me vou deslumbrar com tudo. Não quero ir lá só por ir, quero passar ao quadro principal, que é o meu primeiro objetivo. Estou muito motivado para Roland-Garros.”
Para além das primeiras incursões a nível Major que se avizinham num horizonte entre Paris e Londres, Henrique Rocha tem ainda uma motivação extra em cima da mesa que não poderá adiar para as próximas temporadas. É o décimo na corrida pelo acesso ao NextGen Finals, em Jidá, e não esconde que tem a ambição de fazer parte dos oito melhores posicionados com menos de 21 anos com bilhete para a Arábia Saudita:“Desde o início do ano que era um dos principais objetivos. É um grande torneio em que gostaria de participar.”
O novo programa de aceleração criado pela ATP para jovens emergentes abre-lhe ainda um leque de oportunidades para competir no circuito máximo — tem ao dispor um convite para quadros principais e outros dois para o qualifying de provas ATP — e aponta para o verão essas experiências: “Provavelmente vou aproveitar para tentar jogar por Umag, Kitzbuhel ou Bastad. Ainda não sei bem que torneio será, mas serão semanas possíveis e são torneios em terra batida em que me sinto bem.”