OEIRAS — Jaime Faria regressou ao Complexo de Ténis do Jamor como convidado e enfrentou um dos cabeças de série, mas quem assistiu ao encontro da primeira ronda do Oeiras Open 4 sem qualquer contexto terá pensado, muito provavelmente, que os papéis eram outros. Afinal, a evolução do jovem português tem sido tal que entre as duas excurssões mais recentes além-fronteiras subiu mais de 300 lugares no ranking e transformou a carreira.
“Somos privilegiados. Sei que antes não era assim, portanto a Federação [Portuguesa de Ténis] está a fazer um trabalho inacreditável e a minha subida também se deve muito a isso”, reconheceu ao ser questionado sobre as duas viagens à República Checa nas últimas três semanas, que assinalaram a primeira vez em que precisou de apanhar um avião para competir desde que em agosto de 2023 — há nove meses — também foi precisamente àquele país.
“Já só fazia a mala para o Algarve”, brincou ainda, lembrando as semanas douradas que passou naquela região entre fevereiro e março e que lhe valeram 20 vitórias e quatro títulos ITF M25 consecutivos.
A verdade é que o conforto que sentiu ao competir durante tanto tempo consecutivo em casa levou Faria a “sentir um bocadinho” que já não estava habituado a chegar a um local “onde toda a gente fala outra língua e em que a comida não é aquela a que estou habituado”. Ou não tivesse Portugal “uma carrada de torneios” que cada vez mais reduzem o número de viagens necessárias para chegar a este patamar.
Volvidos nove meses, Jaime Faria já não é o 514.º do mundo que analisava cuidadosamente o calendário para entrar no qualifying de um torneio Challenger, mas sim o 233.º que tudo indica estar a dias de assegurar a estreia em torneios do Grand Slam. E a ascensão tem sido tão meteórica que já se reflete no discurso, cada vez mais ambicioso — mas também realista — e de olhos postos nos bons resultados porque, no fundo, já se sente “ao nível destes torneios e destes torneios.”
A vitória desta segunda-feira comprovou-o, segue-se um novo desafio na quarta-feira. E enquanto aguarda de telemóvel na mão pelas boas notícias vindas de Paris tem como objetivo evitar precisar também da calculadora, pois nesta semana tem a última oportunidade de assegurar diretamente a entrada no qualifying de Wimbledon — quatro semanas depois de ter ficado a uma vitória de garantir, neste mesmo palco, o mesmo em relação a Roland-Garros.