OEIRAS — O currículo de Kristina Mladenovic não deixa margem para dúvidas: é de longe a mais credenciada entre todas as que passaram pelo Complexo de Ténis do Jamor ao longo da última semana e a tenista francesa de 30 anos junta ao estatuto uma consciência ímpar de que o seu estatuto de estrela requer uma certa disponibilidade para aceder aos jornalistas que a procuram. Já tinha sido assim na Figueira da Foz, durante uma campanha que ficou aquém das expetativas, e voltou a ser assim em Oeiras, onde embalada por um trio de triunfos voltou a declarar o seu amor por Portugal e a deixar rasgados elogios ao torneio.
“Como disse em declarações à televisão depois da minha vitória na primeira ronda, nada disto seria possível sem o apoio da Federação Portuguesa de Ténis e especialmente do presidente, o senhor Vasco Costa. Sem eles não estaria aqui e não teria esta oportunidade, por isso estou muito agradecida e contente porque, de uma certa maneira, estou a retribuir [ao estar nas meias-finais].” A resposta surgiu de forma genuína ao ser questionada sobre o sucesso vivido dentro do court esta semana.
“Estou muito feliz por estar a ter estes resultados. É verdade que este ano já tinha tido alguns encontros bons, mas nunca consegui jogar vários de seguida. Nos torneios ITF as condições nem sempre são boas e é por isso que estou a gostar tanto de jogar aqui. Não digo isto por estar aqui à vossa frente, mas sim porque as condições são excelentes. O court é fantástico, praticamente não tem um mau ressalto e o pessoal da manutenção está a fazer um trabalho incrível porque não é nada fácil ter um court de qualidade ao ar livre. A organização do torneio é tão boa que torna mais fácil competir e espero conseguir disputar ainda mais encontros“, acrescentou a ex-top 10 mundial em singulares (um título WTA) e ex-número um mundial em pares femininos (28, entre os quais seis em torneios do Grand Slam).
Mladenovic tem sido uma presença regular nos torneios mais importantes em Portugal e por isso tem conseguido acompanhar as várias edições deste Oeiras Ladies Open em particular: “Vejo uma evolução, mas a parte muito positiva é que mesmo quando era um torneio ITF já tinha os padrões muito elevados. Os courts já eram bons e não é porque este ano é um torneio WTA que estão melhores. Isto é algo que eu respeito muito, nem todos os torneios fazem tudo o que lhes é possível para que os jogadores estejam confortáveis. Estou muito agradecida e [a subida para WTA 125 foi] o reconhecimento mínimo que o torneio e a organização mereciam, mas espero que possa tornar-se ainda maior e voltar a ser um WTA 250.”
“Voltar” porque, apesar de as organizações serem diferentes, Mladenovic lembra-se de ter sido este o palco do antigo Estoril Open do qual guarda muito boas memórias: “Foi a primeira vez que descobri a zona de Lisboa, que está ainda mais bonita porque de cada vez que volto tenho a oportunidade de visitar mais um pouco e ficar em zonas diferentes. Este court [o Central] não mudou e tem uma sensação histórica. Foi onde ganhei o título de pares e esta semana tive a sorte de disputar os meus três encontros de singulares aqui.”
Com uma conjugação perfeita, o Oeiras Ladies Open já se tornou no melhor torneio dos últimos dois anos e meio para Kristina Mladenovic (pelo meio até já disputou e venceu finais, mas sempre ao nível ITF). E de repente está a uma vitória de lhe dar a oportunidade de jogar uma final de singulares sob a marca WTA pela primeira vez desde dezembro de 2021.
A neerlandesa Suzan Lamens separa-a desse objetivo no quadro individual, onde uma eventual vitória ajudaria a tornar dourado o palmarés da prova. Já nos pares a história é outra, visto que o apuramento para a final — ao lado de Harriet Dart — a colocará frente a frente com as irmãs Francisca Jorge e Matilde Jorge, as primeiras portuguesas da história a inscreverem os nomes numa final de torneios do circuito WTA.