Oeiras Open 125 em dose dupla com o regresso do circuito WTA a Portugal e várias estrelas

Beatriz Ruivo/Federação Portuguesa de Ténis

It’s showtime. Depois de uma semana dedicada às seleções femininas, o Complexo de Ténis do Jamor sofreu uma transformação em contra-relógio para receber, logo a partir deste domingo, o Oeiras Open 125. Novamente em dose dupla, o torneio tem como principal novidade o regresso do circuito WTA a solo português.

Mantendo a tendência dos últimos anos, a prova feminina voltou a ser promovida e desta vez chegou ao calendário da Associação de Ténis Feminino. É a primeira vez desde 2014 que acontece em Portugal uma prova já sob a égide da WTA, 10 anos depois do fim do antigo Estoril/Portugal Open. O palco é o mesmo e pela terceira época consecutiva a solução tem contornos sem igual no país, pois homens e mulheres competem lado a lado em torneios ATP e WTA na mesma semana.

Se o torneio feminino é o mais importante do país, o masculino tem, a par do Porto Open, o estatuto de Challenger mais importante, só ficando atrás do Millennium Estoril Open, que desde 2015 assegura a continuidade de Portugal no calendário ATP.

Os portugueses:

Do lado feminino, a número um nacional, Francisca Jorge (190.ª classificada no ranking WTA), acabou por ter entrada direta e entretanto recebeu a companhia da irmã mais nova, Matilde Jorge (551.ª), e ainda de Ana Filipa Santos (1112.ª) e Maria Garcia (1343.ª), todas convidadas pela organização. Sara Lança (1120.ª) e Amália Suciu (ainda sem classificação profissional) foram convidadas para o qualifying. De fora ficou Angelina Voloshchuk, mas apenas porque o circuito feminino tem uma regra que impõe um limite de torneios a menores de 17 anos e a jovem portuguesa já o alcançou.

No quadro masculino, a ausência de Nuno Borges (58.º no ranking ATP) é facilmente justificada: está em Bucareste, onde pela primeira vez na carreira será cabeça de série de um torneio do circuito principal. De resto, Henrique Rocha (206.º) até fez uso do Programa de Aceleração Next Gen para entrar diretamente no quadro principal e ao número dois nacional — recém-vencedor de um Challenger pela primeira vez, em Múrcia — juntaram-se, com convites, o número dois, o número três e o número quatro em atividade, isto é, Jaime Faria (257.º), Frederico Silva (376.º) e Gastão Elias (393.º), este último numa série de 15 vitórias consecutivas (arrecadou os últimos Oeias Open que disputou entre 2021 e 2022) no Court Central do Jamor.

Os wild cards para a fase de qualificação foram endereçados a Pedro Araújo (728.º), Tiago Pereira (743.º), João Domingues (817.º) e Francisco Rocha (918.º). Duarte Vale (517.º) surge à frente de todos, mas optou por regressar aos Estados Unidos da América e até foi convidado para o quadro principal de singulares Tallahassee, na Flórida.

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Numa semana com dois torneios WTA mais importantes (Estugarda, provavelmente o melhor da categoria 500 de todo o circuito, e Rouen, um patamar abaixo) é de salutar haver cinco tenistas do top 100 mundial no quadro e cinco ex-integrantes dessa elite – às quais ainda se pode juntar uma provenientes da fase de qualificação (Varvara Lepchenko, antiga top 20).

Bernarda Pera (82.ª WTA) encabeça a lista de inscritas. A norte-americana de 29 anos de origem croata já viveu melhores dias (foi 27.ª há menos de um ano), mas é detentora de dois títulos do circuito principal (Budapeste e Hamburgo em 2022, ambos em terra batida) e de uma direita de esquerdina dita e feita para a superfície.

Clara Tauson aparece como a quarta pré-designada. O 87.º posto engana: a dinamarquesa, antiga líder do ranking de sub 18, já esteve à porta das 30 melhores (33.ª) e já triunfou duas vezes em três finais WTA. É verdade que essas três decisões foram em indoor hard, mas a melhor nórdica da atualidade é ainda uma jovem promessa (21 anos) e quando está livre dos muitos problemas físicos que a têm atormentado consegue apresentar um grande nível em terra batida. Aliás, como prova disso mesmo, Tauson foi a MVP da Billie Jean King Cup by Gainbridge da semana que findou – ao serviço da sua seleção somou cinco vitórias em parciais diretos e uma delas a maior da carreira, quando superou a número seis mundial Maria Sakkari.

Rebeka Masarova (80.ª e finalista do Oeiras Ladies Open de 2023, na altura uma prova de 100.000 dólares), Harriet Dart (88.ª) e Zhuoxuan Bai (92.ª) são as restantes protagonistas da elite das 100 melhores e também pertencem ao lote das cabeças de série.

Renata Zarazua (101.ª, 97.ª em janeiro), Alycia Parks (123.ª, antiga 40.ª e vencedora do WTA de Lyon em 2023), Astra Sharma (ex-84.ª e titular de uma prova do circuito maior em duas decisões) e Nuria Parrizas Diaz (antiga 45.ª) também figuram na lista de interesses do primeiro WTA em solo nacional nos últimos 10 anos.

No entanto, a maior figura de todas não integra estas tabelas neste momento. Convidada pela organização devido ao ranking atual (254.ª), Kristina Mladenovic é a única ex-top 10 presente no torneio. A francesa de 30 anos já atingiu dois quartos de final em provas do Grand Slam e, sobretudo, logrou o estrelato na variante de pares, na qual chegou a ser a melhor do mundo – no currículo destacam-se os seis títulos Major em 10 finais disputadas em pares femininos (mais dois WTA Finals) e os três títulos do Grand Slam em cinco finais de pares mistos.

Um torneio que ficou orfão de Simona Halep. A romena, antiga número um mundial e duas vezes em Grand Slams, aceitou um wild card para competir no Oeiras Ladies Open neste regresso ao circuito depois de uma suspensão de 18 meses, mas horas depois decidou mudar de calendário.

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Como se a forte presença lusa não bastasse, o torneio masculino tem como cabeça de cartaz Fabio Fognini.

O italiano de 36 anos está longe dos tempos em que podia ser descrito como um dos melhores jogadores do mundo, mas tem uma aura que faz dele um dos que todos querem ver, independentemente do palco ou da ocasião. O currículo fala por si — tem nove títulos ao mais alto nível e o mais recente é também o mais importante, no ATP Masters 1000 de Monte Carlo em 2019 — e as mais de 400 vitórias em torneios do circuito principal acabam com quaisquer dúvidas em torno das suas possibilidades.

Para além de Fognini não há mais elementos do top 100 mundial, mas entre os 26 já confirmados no quadro principal contam-se outros seis que já fizeram parte dessa elite e outro com um título ATP no currículo: Juan Manuel Cerúndolo, o argentino que em 2021 brilhou na estreia em quadros principais de torneios ATP como qualifier e só parou com o título de Córdoba nas mãos. Na altura era o 335.º classificado do ranking, atualmente está no 152.º posto e pelo meio já foi 79.º, classificação entretanto superada pelo irmão mais velho, Francisco Cerúndolo, que chegou a ser top 20.

Há exatamente um ano, Juanma foi finalista deste mesmo Oeiras Open 125 e ficou perto de adicionar o nome à lista de jogadores que já conquistaram títulos Challenger em Portugal. Uma referência que não surge por acaso: neste elenco há nada mais, nada menos do que seis jogadores que se podem dar ao luxo de o dizer: Jozef Kovalik (179.º) e Geoffrey Blancaneaux (221.º) venceram o Maia Open em 2019 e 2022, respetivamente; Thiago Monteiro (113.º) e Nicolas Moreno De Alboran (134.º) foram campeões do Braga Open em 2021 e 2022, Joris De Loore (189.º) conquistou o Indoor Oeiras Open em 2023 e Gastão Elias (393.º) fez um brilharete entre 2021 e 2022 que o faz regressar a este torneio com ambições mais do que justificadas.

Os dados estão lançados e isto tem tudo para ser bom.

Faltou dizer que a entrada é gratuita ao longo de toda a semana, com encontros a partir das 10h todos os dias, e que quem não conseguir marcar presença no Complexo de Ténis do Jamor poderá acompanhar a ação principal a partir dos canais Sport TV de terça-feira a domingo.

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