OEIRAS – Sangue, suor e lágrimas. Mais um dia com tudo deixado em campo e neste caso veio a celebração. A seleção portuguesa da Billie Jean King Cup garantiu a permanência no Grupo I da Zona Europa-África, isto depois de dois anos consecutivos sempre a subir de divisão. O sentimento de dever cumprido era evidente no rescaldo a uma semana emocionalmente sempre difícil.
No final do triunfo na eliminatória decisiva contra a Bulgária, resolvida somente no match tie-break do par, a emoção tomou conta da capitã Neuza Silva ainda em court. “Foi um mandar cá para fora. Mais um dia sofrido, mas conseguido. Demos réplica a semana toda, lutámos em cada eliminatória, em cada encontro. Quase todos os encontros foram em terceiro set. Por isso acho que é justa a nossa manutenção nesta divisão, sobretudo depois de todo o trabalho da equipa”.
Encarregue de manter vivas as aspirações nacionais, Francisca Jorge não desapontou. Primeiro em singulares para igualar a contenda, depois ao lado da irmã Matilde Jorge para selar a manutenção. “Entrei com a responsabilidade de ter de ganhar. Consegui gerir minimamente as emoções e tudo o que estava à flor da pele. Acho que joguei um bom ténis e agarrei no apoio da equipa e do público. Estou super contente com a minha prestação e por termos conseguido o objetivo importante”.
“É mais gerir emoções com a equipa. Eu e a Kika conhecemo-nos bastante bem, então é muito mais fácil processar o que dizemos e ela também já sabe o que eu estou a sentir e vice-versa. E estivemos bastante bem mesmo com todo o nervosismo e toda a pressão”, observou a mais nova das irmãs vimaranenses.
O tempo era de balanços e perspetivas e praticamente em uníssono todas foram valorizando mais uma experiência coletiva num desporto pautado pelo individualismo. A proeza de ficar entre grandes seleções, o orgulho e tudo o que deram em prol do conjunto – houve vários comentários (positivos) do imenso ruído vindo do banco no apoio às companheiras em court, como até referiu a antiga top cinco WTA Kiki Bertens – não foi esquecido pela capitã nas considerações finais. Nem o otimismo em realção ao futuro.
“O que fizemos nos úlimos dois anos é de valor. Temos de ir buscar as referências positivas e transpô-las para dentro do campo. Tenho a certeza que para o ano a nossa equipa vai estar ainda mais forte”.