Wozniacki voltou a Portugal 14 anos depois para cumprir sonhos apesar de pertencer ao Olimpo

Beatriz Ruivo/FPT

OEIRAS Caroline Wozniacki é uma das melhores jogadoras da história recente do circuito feminino. Antiga menina prodígio, a dinamarquesa de ascendência polaca ascendeu ao trono da hierarquia feminina e por lá permaneceu 71 semanas durante várias entradas e saídas. Em 2018, e quando já pouco o fazia prever, conquistou o 30.º e, até agora, derradeiro título da carreira no Australian Open para juntar a liderança do ranking a um título do Grand Slam. Dois anos depois decidiu pendurar as raquetas, foi mãe duas vezes e no verão passado surpreendeu tudo e todos ao regressar aos courts e logo com bons resultados. Ainda há motivação depois de tanto amealhado e foi também por isso que regressou a Portugal 14 anos depois.

Em 2010, Wozniacki era número três mundial quando veio a Lisboa ao serviço da sua seleção também a este Grupo I da Zona Europa-África da Billie Jean King Cup by Gainbridge. Na altura venceu dois compromissos individuais e ficou doente no final da semana. Praticamente uma carreira passou e a história repetiu-se em 2024. Neste caso (e nos campos de terra batida, não nos cobertos do Complexo de Ténis do Jamor como há mais de uma década) não venceu qualquer embate e desistiu, doente novamente, durante o primeiro duelo quando perdia por 6-0 e 1-0.

“Tenho sido uma semana difícil. Estar doente nunca faz parte dos planos. Estou feliz por estar melhor”, começou por mencionar a tenista de 33 anos, que horas depois da conferência de imprensa com os jornalistas presentes voou para Monte Carlo, onde vive, por sentir não estar ainda em condições de competir. “Queria ter uma boa preparação para a terra batida, já não jogo nesta superfície há algum tempo e essa foi uma das razões para estar aqui”.

A outra razão, provavelmente a mais importante, tem um nome: Jogos Olímpicos de Paris. “Não jogava a Billie Jean King Cup há algum tempo [2015] e queria ter a elegibilidade para estar nos Jogos Olímpicos. É um grande objetivo e deixei isso claro desde o início”.

“Um Grand Slam é um Grand Slam e seria sempre muito especial. Mas adorava ter uma medalha olímpica porque não tenho nenhuma”, apontou quando foi desafiada a escolher o que preferia conquistar. A competição olímpica foi, aliás, uma das razões mais fortes para o regresso inesperado ao circuito.

Mas não só. Enquanto comentava na televisão e treinava com algumas jogadoras, a dinamarquesa sentiu que ainda tinha nível suficiente para grande voos. “Sinto que posso bater qualquer uma e já o provei. Dei a mim própria uma chance e estou muito orgulhosa do meu regresso. Não tenho nada a provar a ninguém”.

O regresso tem sido a conta-gotas, até porque há dois filhos sempre a viajar com ela e uma doença crónica (artrite reumatoide) que a faz selecionar cuidadosamente o calendário. Para já disputou somente nove torneios desde agosto, mas com provas de destaque: no Us Open atingiu a quarta ronda e superou uma top 10 (Petra Kvitova) pelo caminho; este ano foi aos quartos de final do WTA 1000 mais forte do mundo, Indian Wells. “É como andar de bicicleta. Assim que entrei no court pensei ‘oh, lembrava-me disto’. Tem sido divertido, até pela logística de viajar em família”. A surpresa pelos bons registos iniciais foi praticamente nula.

“Não é sustentável entrar em torneios semanalmente. O que tenho de fazer é atingir o meu melhor nível nas provas maiores. Espero que com a minha experiência consiga estar a 100% sempre que entrar em court para competir”.

É precisamente por estar longe dos 100% que não a vamos voltar a ver esta semana no Jamor. 14 anos sem vir a Portugal “é demasiado tempo”, até porque o nosso país, segundo a vedeta dinamarquesa, é “especial”. “Espero que da próxima vez tenha uma grande experiência, vou certamente voltar. Espero é que volte saudável dessa vez”.

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