ESTORIL — João Sousa assinou esta quarta-feira a última página de um livro heróico que dividiu eras no ténis português e foi perante o carinho do público da casa que realizou o último encontro profissional. Numa especialmente marcante chegada à sala de imprensa, o vimaranense despediu-se dos jornalistas com a derradeira conferência enquanto jogador e garante que sai de cena depois de ter cumprido a missão.
Numa primeira análise à derrota com Arthur Fils, mostrou-se satisfeito com o nível apresentado até ao fim: “Hoje é um dia especial pelo momento, não tanto pela derrota. Era expectável que apesar de não estar nas melhores condições físicas, dei tudo nos últimos meses para estar a 100% aqui, e apesar de tudo acho que não fiz um mau encontro. Ele teve muito mérito. São muitas as memórias que me vêm à cabeça, foram muitos momentos passados aqui. Não é um momento de tristeza, é um momento de alegria. Estou muito feliz pela carreira que tive todos estes anos.”
Sem apontar certezas para o futuro mas com o ténis no horizonte, esclareceu que, para já, segue-se um merecido descanso depois de duas décadas enquanto profissional: “Foram muitos anos de desgaste não só físico, mas também mental. O ténis é uma forma de viver, não é um desporto. Temos de viver o ténis. Foram muitos anos dedicados à alta competição, segue-se um período de reflexão e vou também tentar descansar. Outros capítulos virão, certamente relacionados com ténis. Mas ainda não pensei sobre isso.”
“O ténis é um desporto muito exigente e todas as derrotas são duras. Um momento duro foi quando fiz dez primeiras rondas seguidas, no princípio de 2015 tinha uma série de derrotas gigante e nesses momentos duvidamos de muitas coisas. Tudo isso fez parte da aprendizagem, conseguimos dar a volta, mas houve momentos duros. Ninguém está sempre em cima, nem sempre em baixo. Foi uma aprendizagem constante, como jogador, e como pessoa”, manifestou na conferência de imprensa.
O ciclo está fechado, e para João Sousa o testemunho foi entregue à nova geração do ténis nacional: “Temos jogadores muito bons, gostaria de acreditar que dei alguns grãos de areia para que o ténis continue a melhorar em Portugal. Temos jogadores com muito potencial a aparecer, temos o Nuno a top 100. O futuro do ténis nacional é risonho, mas há muito trabalho pela frente. É preciso tempo, e acredito que no futuro vamos ter mais jogadores no topo do ténis mundial.”
E é com a cabeça bem erguida e com um sorriso no rosto que João Sousa fecha a porta a um capítulo que deixará para sempre marca no desporto nacional: “Sinto-me realizado. O ténis é um desporto muito exigente, é difícil gerir. Estava zero nervoso, não tinha nada a perder. Sinto-me realizado não só pelo encontro, mas também pela minha carreira.”