Jaime Faria “ainda sem palavras” para a campanha “inacreditável” que o faz sonhar com mais

VALE DO LOBO — Vila Real de Santo António, Faro, Quinta do Lago e Vale do Lobo. Jaime Faria chegou ao poker com quatro conquistas consecutivas em torneios ITF M25 e depois de erguer o quarto troféu não escondeu o sorriso de surpresa com o feito que acabara de assinar.

“Ainda estou um bocado sem palavras porque está tudo a acontecer muito rápido”, disse entre sorrisos na entrevista deste domingo.

“É deixar-me ir com o flow porque as coisas estão a acontecer e tenho de continuar a trabalhar e a jogar”, acrescentou logo de seguida o jovem de 20 anos.

Depois de um dia em que deixou a desejar no plano psicológico, Faria cumpriu o prometido e regressou ao court com outra atitude — que considerou fundamental para o desfecho deste domingo, em que liderava por 6-2 e 3-1 quando o checo Hynek Barton se viu confrontado com uma montanha impossível de escalar desistiu devido a uma lesão nas costas. “Ele é um jogador com muitas armas e muito impulsivo, portanto a qualquer momento pode começar a encaixar as peças e torna-se muito perigoso. Tinha um certo ascendente por ter ganho há duas semanas e mostrei desde o início que conseguia ser superior e aguentar-me nos momentos em que ele carregava. Converti rapidamente os pontos de break que criei e estive sempre muito concentrado. Foi pena ele não ter conseguido acabar a final, mas o início que eu tive também foi decisivo para isso, porque se ele estivesse por cima claramente não teria desistido.”

Faria tornou-se no primeiro português a vencer quatro torneios pontuáveis para o ranking mundial em quatro semanas consecutivas, 25 anos depois de Nuno Marques ter ganho quatro etapas do circuito Satélite em Espinho (só a quinta semana, que reunia os melhores jogadores das anteriores, oferecia pontos ATP).

“Os recordes são feitos para serem quebrados”, respondeu com um sorriso. “Mas ainda me falta um bocado para bater o recorde de vitórias do Rui [Machado, treinador, que venceu 26 encontros consecutivos], portanto ainda não estou satisfeito. Fora de brincadeiras, significa muito para mim e estar rodeado de tanta excelência ajuda-me a aprender muito porque consigo retirar um bocadinho de todos.”

De malas feitas para Loulé, onde na próxima semana jogará o sexto e último torneio consecutivo no Algarve em busca do quinto título, Jaime Faria leva com ele quatro troféus de campeão e, sobretudo, 100 pontos ATP que o ajudarão a chegar ao top 270 quando forem contabilizados.

Números que “superam todas as expetativas” porque “vim para o Algarve a querer ganhar muitos pontos e a conquistar títulos, mas tenho de ser sincero e dizer que como é lógico não me imaginava a vencer quatro consecutivos.”

Os resultados das últimas semanas fazem Jaime Faria sonhar com mais e melhor, mas o jogador do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis demonstrou conhecimento importante da modalidade ao abordá-los: “Tenho de manter os pés na terra porque no ténis podemos ter estes resultados e depois cair numa primeira ronda e engatar numa série em que pensamos que está tudo mal e levamos uma chapada de humildade. Portanto há que aproveitar estes momentos e desfrutar, mas continuar a trabalhar.”

E assim será. Depois de uma segunda-feira de descanso, terça-feira já será dia de preparar a participação no Loulé Open, a que chegará com a segunda maior série de vitórias de um tenista português e a estreia no top 300 tornada oficial.

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