Nuno Borges derrotou Grigor Dimitrov rumo à quarta ronda do quadro principal de singulares do Australian Open e escreveu quatro páginas de história de uma vez só: tornou-se no primeiro português a chegar tão longe no torneio australiano, igualou a melhor campanha de um tenista luso em torneios do Grand Slam, assegurou a estreia no top 50 do ranking ATP e garantiu que será o segundo português com melhor classificação de sempre.
Frente a frente com um dos jogadores em melhor forma não só no início de 2024 (campeão do ATP 250 de Brisbane), mas também nos últimos meses de 2023 (fechou o ano com uma final no ATP Masters 1000 de Paris), o melhor tenista português da atualidade nunca se deixou intimidar e lutou de igual para igual com o búlgaro, recuperando da desvantagem de um set para triunfar por 6-7(3), 6-4, 6-2 e 7-6(6).
A jogar o encontro mais importante da carreira (e também um dos encontros mais importantes do ténis português), Nuno Borges voltou a roçar a perfeição. E esteve à altura da ocasião para lutar de igual para igual com um dos melhores jogadores da atualidade (Dimitrov chegou a ser número três mundial e a vencer o ATP Finals), que venceu com uma exibição muito sólida no capítulo mental e novamente apoiada numa pancada de serviço muito afinada.
O primeiro set demonstrou que Borges estava pronto para defrontar um adversário do calibre de Dimitrov. Sem breaks, o parcial só foi decidido no tie-break, onde quatro erros consecutivos (os três primeiros não forçados) a 3-3 travaram as aspirações nacionais. Mas o tenista português não se deixou afetar e pressionou o serviço de Dimitrov no arranque da segunda partida para assinar o primeiro break do duelo.
De cabeça erguida, Borges resistiu com unhas e dentes às muitas investidas do búlgaro, salvou sete pontos de break (vários com o serviço a desempenhar um papel fundamental) e subiu a agressividade para igualar o encontro. A retaliação do português pareceu apanhar o búlgaro desprevenido e Dimitrov baixou drasticamente o nível no terceiro set, abrindo a porta a dois breaks consecutivos que deram a Borges uma vantagem confortável e o puseram pela primeira vez na frente. Só cometeu um erro não forçado no terceiro parcial.
Esperava-se nova investida de Dimitrov e ela surgiu: o recém-campeão de Brisbane conquistou o seu primeiro break em todo o encontro e chegou a servir para forçar um quinto set, só que nesse momento tremeu, Borges aproveitou a oportunidade para recuperar o terreno perdido e levou a decisão para o tie-break, onde com os nervos à flor da pele (cometeu uma rara dupla falta) viu Dimitrov devolver o favor com uma dupla falta no set point. Minutos depois fez história desta forma:
Aos 26 anos, Nuno Borges apurou-se pela primeira vez na carreira para a quarta ronda de um torneio do Grand Slam, tornando-se no primeiro tenista português a fazê-lo no Australian Open e igualando as melhores campanhas de João Sousa, que o conseguiu em Wimbledon e no US Open.
A prestação em Melbourne também garantiu ao maiato a entrada no top 50 mundial pela primeira vez logo a seguir ao torneio, o que significará ultrapassagens a Frederico Gil (foi 62.º), Rui Machado (59.º) e Gastão Elias (57.º) para se tornar no segundo tenista português com melhor ranking de sempre, só atrás de João Sousa (28.º).
Segue-se… O ex-número um mundial e recém-finalista Daniil Medvedev.