Mirra Andreeva voltou a fazer o que parecia impossível e apurou-se para a quarta ronda do Australian Open ao recuperar de uma desvantagem de 1-5 e anular um match point na derradeira partida, que fechou com uma entusiasmante vitória no tie-break até aos 10 pontos contra a francesa Diane Parry.
Dois dias depois de afastar Ons Jabeur (que descreve como uma das suas referências) graças a um corretivo histórico, a jovem de 16 anos entrou com o pé esquerdo, mas nunca deixou de acreditar e com os parciais de 1-6, 6-1 e 7-6(5) assinou uma recuperação notável para igualar a melhor campanha em torneios do Grand Slam.
O frente a frente entre duas jogadoras que chegaram à liderança do ranking mundial de juniores esteve encaminhado para terminar com três parciais de sentido único.
Mas Parry, que procurava a primeira presença na quarta ronda de um Major, claudicou quando esteve cara a cara com a vitória e ao transmitir o nervosismo deu espaço a Andreeva para acreditar numa reviravolta que parecia impossível. Apesar de ter ameaçado por várias vezes o break nos jogos anteriores, a russa, sempre muito corajosa, só conseguiu concretizar as ameaças a partir do sétimo jogo, quando iniciou uma série de três quebras de serviço consecutivas que a deixou a servir para a vitória.
Confrontada com o desperdiçar de uma enorme liderança, Parry ainda voltou a dar um ar da sua graça e pressionou a primeira bola da adversária para forçar um tie-break, mas o mal estava feito: com a confiança reposta e sempre muito agressiva, Andreeva foi a jogadora que mais iniciativa teve na reta final e procurou sempre tomar o controlo durante um tira-teimas que começou de punho cerrado.
E assim, com apenas 16 anos, Mirra Andreeva apurou-se pela segunda vez para a quarta ronda de um torneio do Grand Slam, igualando o resultado de Wimbledon.
A russa já garantiu o melhor ranking da carreira (está no 32.º lugar da classificação virtual, mas ainda pode perder algumas posições) e no domingo lutará pela melhor campanha a este nível com a vencedora do encontro entre a qualifier australiana Storm Hunter, número um mundial de pares, e a checa Barbora Krejcikova, 11.ª em singulares e ex-campeã de Roland-Garros.