O ataque de Novak Djokovic ao Olimpo do ténis começou com um enorme susto, mas o sérvio resistiu e somou a primeira de sete vitórias necessárias para sair deste Australian Open como o recordista de títulos de singulares em torneios do Grand Slam e deixar definitivamente para trás o recorde que Margaret Court assinou entre duas eras.
Super favorito à vitória, o número um mundial e campeão em título precisou de lutar durante quase quatro horas para defender o estatuto de dono e senhor de Melbourne Park contra o miúdo Dino Prizmic, que só venceu por 6-2, 6-7(5), 6-3 e 6-4.
Com apenas 18 anos, este jovem croata é o atual campeão júnior de Roland-Garros e destacou-se pela primeira vez em torneios sob a chancela da ATP em Portugal, há exatamente um ano, quando alcançou pela primeira vez os quartos de final de um Challenger no Indoor Oeiras Open I e repetiu a dose logo a seguir no Indoor Oeiras Open II.
A tenra idade não o impediu de escalar rapidamente no ranking profissional e terminou o último ano de sub 18 no 178.º lugar depois de ter sido 155.º em outubro, com a ajuda do primeiro título no circuito secundário (em Banja Luka, Bósnia e Herzegovina) e ainda a primeira convocatória para representar o país na Taça Davis.
A estreia como profissional em torneios do Grand Slam não podia ter começado melhor e Prizmic somou três vitórias no qualifying para garantir um lugar no quadro principal, que o brindou com um encontro contra o seu maior ídolo.
Tendo uma tarefa hercúlea pela frente, a exibição foi de gala e obrigou Djokovic a passar quatro horas em campo antes de resolver um encontro da primeira ronda de um Grand Slam pela primeira vez em toda a carreira.
De dentes ferrados, Prizmic lutou com valentia mesmo no terreno que pertence a Djokovic e foi só nos últimos minutos da longa epopeia que perdeu a vantagem nos pontos longos, vencendo 35 das trocas de bolas com mais de oito pancadas contra 36 ganhas pelo sérvio.
A esquerda a duas mãos deu-lhe a segurança necessária para lutar com um adversário deste calibre, a mente nunca lhe atrapalhou a clareza e até as pernas resistiram… até que Djokovic foi Djokolvic. No seu jardim, o tenista nascido em Belgrado há 36 anos nunca entrou em pânico, elevou substancialmente o nível para vencer os últimos quatro jogos do terceiro set e com essa recuperação tomou definitivamente o controlo do embate, mas do outro lado Prizmic nunca baixou os braços e ainda recuperou de um break de atraso na quarta partida, aproximando o relógio das quatro horas de jogo.
Surpreendido por Alex de Minaur na United Cup, Novak Djokovic recuperou a sensação de vitória ao regressar com o pé direito à Rod Laver Arena. O sérvio não perde no Australian Open desde que foi surpreendido por Hyeon Chung na quarta ronda de 2018 e se prolongar a invencibilidade até ao fim da quinzena tornar-se-á, pela primeira vez, no maior vencedor da história dos torneios do Grand Slam.
O primeiro dos sete passos necessários está dado. Segue-se um australiano: ou Alexei Popyrin (43.º) ou Marc Polmans (156.º, wild card), que só se enfrentam na segunda-feira.