OEIRAS – Marius Copil iniciou a 16.ª temporada profissional da carreira na fase de qualificação do Indoor Oeiras Open. Cinco vitórias e praticamente 11 horas em court depois, o romeno está nas meias-finais, as primeiras desde julho. O “jovem” de 33 anos encara o 13 anos mais novo Martin Damm no duelo de acesso à final, que a concretizar-se será a terceira em três vindas a Portugal.
Em 2013, Copil perdeu a final do Challenger de Guimarães para João Sousa, na altura a última rampa de lançamento para a gloriosa carreira do vimaranense. Nove anos depois, triunfou em Portimão, já numa fase totalmente distinta da carreira e da vida. “Devia jogar mais vezes em Portugal, até talvez os campeonatos nacionais”, disse entre sorrisos. “Sinto-me bem aqui, é muito parecido com o meu país. Nós somos latinos, somos muito abertos, gostamos da vida. A comida é boa, é um país barato. Não sei, tudo é bom. As pessoas tratam-me bem e gosto de aqui estar”.
O único motivo para não vermos Marius Copil em mais provas portuguesas está relaciado com a superfície dos torneios. O experiente tenista adora jogar em recinto coberto e os Indoor Oeiras Open são provas ímpares no país.
Depois de dois sucesso convicentes e confortáveis no qualifying, Copil tem sido um maratonista do Jamor. Às 3h11 da primeira ronda, somou sensivelmente duas hora de competição na véspera e esta quinta-feira necessitou de 3h35 para superar Alejandro Moro Canas (241.º), primeiro cabeça de série da competição, com os duros parciais de 6-4, 6-7(6) e 7-6(7), anulando um match point no tie-break final com um ás.
Os longos embates da primeira ronda e dos quartos de final têm um denominador comum: o jogador de Arad despediçou pontos para encerrar o compromisso logo no segundo set (no embate com Adrian Andreev serviu mesmo duas vezes para a conclusão). Frente a Moro Canas serviu a 6-5, com match point, e só concluiu o encontro ao quarto ponto decisivo. “Torno a minha vida mais difícil do que devia ser. É algo que tenho de melhorar, fiquei muito passivo nesses momentos e não sou assim”.
De facto, quando vemos o romeno a jogar desfrutamos das constantes subidas à rede ou da eficiente e pouco vista esquerda em slice. Além dos inúmeros ases, claro. Foram 71 nos cinco triunfos, mas nos momentos-chave a melhor arma tem desaparecido. Algo que o próprio sabe que terá de mudar frente a Damm, que utiliza o serviço como alicerce.
Copil vai à procura da 13.ª final Challenger (3-9), numa carreira marcada por duas finais ATP em Sofia e Basileia, ambas em 2018 e também em indoor hard como neste torneio. Atualmente no posto 322 ATP, chegou a ser 56.º em 2018. Dois filhos depois e uma paragem de 10 meses na altura da pandemia por fadiga mental devido às constantes viagens, as prioridades mudaram, mas há ambições intatas e objetivos por lograr.
“Gostaria de ficar o mais perto possível do top 100. Se estiver saudável posso começar a jogar quadros principais de torneios maiores para ganhar mais pontos e aí terei uma boa chance. Se continuar a 300, 320 até junho, julho, então vai ser muito difícil chegar ao top 100. Ainda por cima com esta mudança no sistema de pontos”.
Obstáculos que não o fazem desanimar. “Sou uma pessoa muito competitiva e gosto de desafiar-me. Gosto da dificuldade. Gosto de gannhar e subir. Se no final do ano não estiver no lugar que quero estar, páro. Por isso quero dar tudo neste ano que pode ser o último. Se me mantiver bem posso continuar muitos anos”.
Precisará de pelo menos quatro anos para concretizar o “um por cento” que falta atingir na carreira: os Jogos Olímpicos. Isto porque os de Paris, este ano, estão fora de questão com o ranking atual. Será que acredita que pode competir quatro anos a alto nível? “Se continuar a correr assim durante três horas e meia o meu corpo vai dizer-me ‘estás louco, devias estar em casa a cuidar dos filhos'”.
Pelo sim pelo não convém continuar a ganhar como tem feito esta semana, só que de forma mais sucinta.