13 anos a separá-los, um objetivo comum. Elias e Faria frente a frente no Indoor Oeiras Open

OEIRAS – Chegámos à fase decisiva do primeiro torneio do ano em solo nacional. O antepenúltimo dia do Indoor Oeiras Open conta com três portugueses em ação e um deles vai garantidamente seguir em frente, visto que Gastão Elias e Jaime Faria vão estar frente a frente. Um duelo geracional e curricular com uma meia-final num torneio Challenger em jogo e logo numa casa bem conhecida para ambos.

Será um primeiro encontro ‘a doer’ entre os dois, mas em 2020 estiveram em lados opostos da rede numa prova do circuito sénior da Federação Portuguesa de Ténis. Jaime Faria, então com 17 anos, não teve “grandes hipóteses” e agora estará “mais preparado” para encarar um dos melhores de sempre do ténis nacional. “Para ser sincero, eu não me lembro muito bem do Gastão no auge. Ainda assim, não foi há muito tempo. Mas sei que já foi e é um grande jogador e tem condições para voltar a estar no topo”.

O auge foi em 2016. Na altura atingiu duas meias-finais no ATP Tour (Bastad e Umag) e em outubro viria a chegar ao 57.º posto da hierarquia, o segundo melhor já alcançado por um tenista luso. Jaime Faria tinha 13 anos e ainda nem imaginava integrar a equipa do Centro de Alto Rendimento da Federação Portuguesa de Ténis. Mas foi aí, desde então, que tem partilhado vários muitos com o compatriota 13 anos mais velho (tem 20), esta sexta-feira num dos embates mais especiais da ainda curta carreira.

Os quartos de final na nave dos campos cobertos do Complexo de Ténis do Jamor, um dos locais prediletos para treinos para os portugueses, em especial o CAR, serão somente os segundos de Faria no circuito secundário, depois de se ter estreado nessa fase no final de setembro, no Braga Open. Há várias “razões para estar contente” com o efetuado até agora na competição (dois triunfos em parciais diretos) e a “bagagem” será maior desta vez em relação ao encontro na cidade dos arcebispos.

“Treinei com ele esta semana, inclusive”, sublinhou o novato, que na altura da conversa com os jornalistas ainda não sabia quem viria defrontar. No entanto, o desejo era claro: tirar da “checklist dos grandes nomes do ténis português” o do lourinhanense no que diz respeito a adversários já defrontados, uma caderneta que espera completar o quanto antes.

A ajudá-lo a lograr uma inédita meia-final na categoria estará Pedro Sousa, o melhor amigo no circuito de Gastão Elias. Um confronto, também de certa forma, entre dois dos melhores de sempre, com incontáveis horas juntos em courts de treino e sem segredos entre ambos.

“Sempre gostei muito do Jaime”, disse Elias, que não escondeu a ‘inveja’ pela trave-mestra do adversário: o serviço. “Quem me dera!”. “Até há pouco tempo era um pouco desengonçado, não se mexia bem, fazia ainda muitos erros, que nós dizemos, numas expressões mais tenísticas, erros juniores, mas acreditei sempre que tinha muito potencial para, depois de afinar algumas coisas, poder jogar muito bem. E, lá está, com aquela altura, com aquele serviço, ele pode criar dificuldades a qualquer um, e isso aí já é uma vantagem muito grande em relação a todos os outros”.

Com “potencial” para ter um dos melhores serviços do ténis português e melhor será quando “começar a perceber que pode usar muito mais coisas para além da potência”. No Jamor, “não há muita gente que sirva como o Jaime” e essa arma vai assumir-se como preponderante para o desfecho do embate. “Depende de como conseguir responder, se conseguir adivinhar uma ou outra bola, meter um bocadinho de pressão no serviço dele, isso faz com que ele tenha uma percentagem mais baixa”.

Curiosamente, e apesar dos elogios ao oponente, é Gastão Elias o único com o serviço inviolável neste torneio, tendo salvo os quatro break points que enfrentou, todos na ronda prévia.

“Se olharmos para o currículo e para a experiência sou favorito, não há nada a dizer sobre isso, agora se olharmos para as características de cada um o encontro é mais equilibrado do que as pessoas possam imaginar”, alertou o mais velho. “O Jaime tem um estilo de jogo que se encaixa perfeitamente nestas condições e sabe que não é obrigado a ganhar”.

“Sem pressão”, mas com “tensão diferente” por se tratar de um duelo entre portugueses, Elias está nos quartos de final de um torneio pela primeira vez desde março e pela primeira vez desde a lesão na coxa na final desse Challenger em Girona. Para já somou “duas boas vitórias e sem queixas do nível”, ainda que sem “um verdadeiro teste” ao corpo carregado de mazelas em 2023.

Novo sucesso dar-lhe-á um 18.º triunfo consecutivo no Jamor (em 2021 e 2022 venceu três Oeiras Open), um dado que Jaime Faria tem bem ciente. Ele que fará a estreia no top 400 depois desta prova (aponta ao qualifying do US Open como objetivo para a presente época) e que pretende atingir terrenos verdes no circuito intermédio e superar uma das referências da galeria nacional de imortais.

A ansiedade de ambos para o frente a frente tem denominador comum: todos nós. Vamos a isso.

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