Fred Gil, o “peixinho dentro do aquário” que regressou à competição por prazer e pela saúde

Beatriz Ruivo/FPT

OEIRAS – Tem uma carreira que dispensa apresentações, mas de forma resumida Fred Gil, Frederico Gil no seu auge, chegou ao posto 62 do ATP Tour e foi o primeiro português a atingir uma final de singulares no circuito principal, entre vários outros feitos precursores de extensa discrição. Depois de cerca de dois anos retirado da modalidade, o agora tenista de 38 anos regressou em 2023 aos torneios profissionais e até atingiu uma final no ITF de Setúbal. Conversámos com um dos melhores de sempre do ténis nacional sobre as motivações e objetivos deste regresso aos palcos, agora exclusivamente na variante de pares.

A conversa deu-se após a primeira ronda do Indoor Oeiras Open, onde ao lado de Pedro Araújo – parceiro também no Campeonato Nacional Absoluto e no último Maia Open em novembro, no regresso ao circuito Challenger – cedeu na primeira ronda face aos franceses Gabriel Debru e Tristan Lamasine depois de uma dura e interessante batalha, que a juntar às dificuldades impostas a Francisco Cabral e Nuno Borges no derradeiro torneio do circuito secundário de 2023 traz ainda mais alento a Gil.

“Sinto que estou ao nível deles e aqui e ali até me sinto superior. E a verdade é que não estou a treinar todos os dias como eles”. O sintrense diz sentir-se “um peixinho dentro do aquário, deste campeonato” quando partilha o court com jogadores de alto gabarito. “A competição para mim é sempre uma coisa onde me sinto bem e o meu nível sobe sempre”.

“Não tenho capacidade, neste momento pelo menos, para jogar singulares e estou um bocadinho cansado desse lado de três horas todos os dias. Aqui é uma coisa mais curta, é uma hora, hora e meia. Pares é mais dinâmico, mais rápido, mais fácil também. E acho que jogo bem pares, portanto fez sentido voltar”, esclareceu.

Além do ‘bichinho’ competitivo difícil de largar – até as rotinas habituais num tenista de alto nível são do agrado neste regresso -, Fred Gil também decidiu voltar à competição pela “saúde física e psicológica”, porque “o desporto em si é saúde e esta decisão também é um pouco para ter mais energia e mais força”.

A juntar a isso, a ideia passou igualmente para “aproveitar o facto de Portugal organizar tantos torneios internacionais, neste fantástico trabalho da Federação [Portuguesa de Ténis]. Vou tentar jogar o máximo de torneios possíveis durante o ano e é ótimo estar a jogar Challengers e ITFs a meia hora de casa de uma forma constante”.

Assim, ao jogar “pares a full, pode conciliar a competição com os projetos pessoais (Fred Gil Academy), até porque animicamente “o negócio não chega” e a equipa está “mais estruturada, organizada e com a casa arrumada, que permite também competir”. E, quem sabe, também pode surgir uma oportunidade de apoio como treinador quando estiver no terreno.

Para já as abordagens aos antigos (e agora atuais) colegas portugueses de profissão foram feitas para eventuais parcerias (como a Frederico Silva ou João Domingues). Para o Indoor Oeiras Open II a ideia passa, caso surja novo wild card, por repetir o par e nas primeiras provas ITF em solo nacional retomar a parceria com Diogo Marques que o levou à primeira final em quatro anos. Sempre, também, com o Campeonato do Mundo de Veteranos na mente.

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