MAIA – Esteve 10 dias de férias sem tocar na raqueta, mas decidiu vir à Maia encerrar uma temporada atípica a pensar no futuro. A decisão não podia ter-se revelado mais acertada e o carismático francês de 34 anos garantiu o acesso à quarta final da temporada e a pontos importantes para a ascensão no ranking. Sempre descontraído, Benoit Paire deixou elogios a Nuno Borges e voltou a mostrar em conferência de imprensa que foge à normalidade instaurada nos tenistas profissionais.
A quarta vitória da semana deu-se às custas do compatriota Maxime Janvier, na qual venceu um primeiro set que diz ter sido “um dos melhores do ano”. “Sinto-me muito bem. Estou aqui para ganhar o torneio e estou muito feliz por estar na final. Estou confiante, gosto das condições e gosto de jogar em terra batida indoor”.
Um discurso bem diferente do início da semana. Na altura, contou ter regressado ao Norte do país (isto 14 anos posteriores à final do Porto Open, então muito jovem e bem diferente, como também lembrou) após 10 dias de férias. E ainda que saiba que dificilmente conseguirá entrar diretamente no Australian Open – precisará de algumas desistências mesmo com a conquista do título -, o antigo top 20 ATP sabe perfeitamente da importância que esta semana está a ganhar para o futuro próximo.
“Significa muito estar na final. Lutei muito no início do ano, cheguei a baixar para os 217, agora estou a 115, 116, estou a lutar para voltar ao top 100 o mais rapidamente possível. Para mim é muita pressão jogar challengers todas as semanas, não é fácil estar sempre a jogar estas provas. Normalmente jogava torneios maiores, 250 e 500’s. Costumo terminar o ano em Paris Bercy e este ano joguei um pouco mais. Sinto-me bem, são bons pontos para a próxima época. Quero estar no quadro principal em Roland-Garros e Wimbledon, por isso é importante ganhar pontos”.
Os pontos aumentarão caso arrecade o terceiro troféu de 2023 (venceu os challengers de Puerto Vallarta e San Benedetto, este último em julho, e cedeu na decisão de Francavilla al Mare), mas isso não muda qualquer abordagem pré-jogo do francês. A ideia passa por voltar a ir ao adorado McDonald’s talvez pela quarta vez numa semana e quem sabe até beber álcool para celebrar a passagem à final, como contou entre sorrisos.
Afinal, está de férias e tem “uma boa desculpa”. Férias que serão retomadas com um voo para as Ilhas Maurício após a final – teve de remarcar o voo ao prolongar a semana de maior sucesso do que o esperado – na companhia dos pais, entretanto já nas bancadas no apoio ao rebelde filho.
Serão, talvez, os únicos a querer o triunfo de Paire este domingo (11 horas) frente ao filho pródigo da cidade maiata. “O mais importante é que as pessoas venham ver, não interessa quem apoiam. Se defrontasse um português em França seria igual, por isso percebo”.
“É interessante defrontar o Nuno aqui. Ele tem um muito bom serviço e direita e é muito perigoso. Não esperava que em terra batida jogasse tão bem porque é muito bom jogador de hard courts. É bom vê-lo jogar”. A vista do vencedor de três títulos ATP em nove finais será a mais privilegiada do último duelo da sexta edição do Maia Open. O número um nacional procura o ambicionado sonho de vencer em casa. Paire terá mais um dia de férias interrompidas.