MAIA — O ano mais difícil da carreira de João Sousa terminou esta quinta-feira, com uma derrota na segunda ronda do Maia Open. Aos 34 anos e longe da classificação e dos palcos a que se habituou ao longo de uma carreira sem igual no ténis português, segue-se um período de descanso, mas sobretudo de ponderação numa fase em que as dificuldades físicas persistem e corroem a motivação.
“Não há muito que possa adiantar, mas volto a não estar bem fisicamente e isso ao mais alto nível nota-se bastante, porque dependo muito disso para impôr o meu ténis. Continuo a ter dores nas costas que me impossibilitam de movimentar nas melhores condições e por muitos anti-inflamatórios que tome é difícil de gerir e aceitar”, explicou depois de disputar o 56.º e último encontro de singulares de uma época que fechará, pela primeira vez desde 2009, fora do top 250 e sem ter o Australian Open como próximo destino.
Se em conversas anteriores esse objetivo não tinha sido referido, o tenista vimaranense explicou que “no último mês percebi que podia fazer sentido ter esse objetivo na minha cabeça, porque são os torneios a que estou habituado e que quero jogar e porque sem ter um objetivo na cabeça é mais difícil. Acreditei que pudesse ir lá jogar, digamos, uma última vez, mas não consegui.”
Explicando que as dores nas costas — fez uma pausa de dois meses entre Roland-Garros e o Porto Open — “têm sido constantes”, João Sousa voltou a abrir o coração e disse não estar ainda a pensar em 2024: “Vou ter de me sentar e perceber se vale a pena continuar a fazer esse esforço ou se existe outra solução para a lesão. Em breve direi algo mais concreto, mas neste momento a motivação é pouca. A única que tenho é mesmo tentar ajudar Portugal a chegar à fase final da Taça Davis, porque em termos de ranking estou numa posição em que preciso de jogar o qualifying de torneios Challenger e, para um atleta que jogou sempre torneios ATP e Grand Slams, como devem entender não é aquilo a que eu aspiro.”
Antes da despedida à época e às conferências de imprensa, o melhor tenista português de sempre também clarificou a relação com Frederico Marques, o treinador de longa data que à exceção do Del Monte Lisboa Belém Open, em setembro, não o acompanhou in loco nos últimos meses: “Temos uma relação pessoal e profissional muito longa e continua a ser o meu treinador, apesar de neste momento eu ter optado por dar alguma distânica porque acreditei que era fundamental para os dois. Não só pela parte profissional, mas também pela parte pessoal, pois são muitos anos juntos. Mas o Frederico é uma pessoa que está presente, ajudou-me sempre imenso na minha carreira e tem um mérito incrível. É um treinador extraordinário e uma mais-valia para o ténis nacional. Continuamos a falar quase todos os dias, mas não tem estado tão presente no campo e na competição como esteve nos últimos 12 anos.”