MÁLAGA — Matteo Arnaldi foi preterido para as meias-finais depois de ter desperdiçado três match points na ronda anterior, mas voltou às contas do capitão Filippo Volandri e não desiludiu: pelo contrário, superou-se e assinou a exibição mais importante de uma ainda curta carreira para dar à Itália o primeiro ponto da final da Taça Davis contra a Austrália. Por outras palavras, colocou nas mãos do ultrafavorito Jannik Sinner a possibilidade do país voltar a erguer a famosa “saladeira” 25 anos depois.
O claro favoritismo de Sinner para o segundo singular (5-0 no frente a frente com Alex de Minaur) e a maior especialização dos australianos nos pares (Matthew Ebden e Max Purcell venceram Wimbledon há ano e meio) faziam do encontro inaugural o maior motivo de incerteza e, por isso, um peso extra para os dois protagonistas — quaisquer que fossem as escolhas dos capitães.
Com Lorenzo Musetti fora das contas por causa de uma lesão na coxa que o perturbou na ronda anterior, a decisão italiana pendia entre o “abandonado” Arnaldi — perdeu no tie-break do terceiro set com Botic van zandschulp depois de ter três match points contra o neerlandês na abertura dos quartos de final — e Lorenzo Sonego, mas as duas boas exibições deste ao lado de Jannik Sinner nos pares jogavam a favor de um descanso precioso em caso de ser necessária uma decisão “na negra”.
Contas feitas, Matteo Arnaldi voltou a ser chamado, lidou bem com a pressão do momento e venceu um braço de ferro titânico entre dois jovens com pouca experiência em competições por equipa, mas que apesar das circunstâncias se exibiram como graúdos, e venceu Alexei Popyrin (com um percurso inverso e responsável pelo primeiro ponto na meia-final) por 7-5, 2-6 e 6-4.
Os nervos de aço que o jovem de 22 anos demonstrou na partida decisiva foram fundamentais para anular os oito pontos de break que enfrentou (!). Sendo quase sempre o tenista em maiores dificuldades no terceiro set, um pouco à semelhança do que Sinner vivera contra Novak Djokovic na véspera, o transalpino não baixou os braços, sentiu a insegurança do adversário e fez o que Popyrin não conseguiu para dar à Itália uma vantagem preciosa.
Em vantagem numa eliminatória pela primeira vez esta semana, a Itália passou a estar exclusivamente dependente da sua maior figura para acabar com o jejum de 47 anos e vencer a Taça Davis pela segunda vez (foi finalista pela última vez em 1998).
Jannik Sinner chegou a Málaga embalado pela extraordinária campanha no “seu” ATP Finals, onde só foi travado na final, e foi o maior obreiro da caminhada da seleção até à final ao vencer em singulares e em pares — com Lorenzo Sonego — nas eliminatórias frente aos Países Baixos e Sérvia, esta última derrotando Djokovic por duas vezes num só dia. Para além disso, lidera o frente a frente com Alex de Minaur por 5-0 em encontros e 12-1 em sets…