MÁLAGA — Um ano depois de ter garantido a muito custo o tão aguardado regresso à final da Taça Davis, a seleção da Austrália repetiu a proeza de acordo com a expetativa, isto é, com uma bem mais folgada vitória (2-0 sem perder sets) sobre a surpreendente Finlândia.
A semana na Costa Azul espanhola começou com a baixa de Thanasi Kokkinakis que empurrou Jordan Thompson para as opções de singulares, mas a derrota sofrida no encontro de abertura, perante a Croácia, levou o capitão Lleyton Hewitt a decidir-se por outra estratégia e foi Alexei Popyrin quem abriu o confronto com os finlandeses.
Em ação com as cores do país apenas pela terceira vez (e primeira em dois anos), o jovem de 24 anos esteve à altura da ocasião e venceu (7-6[5] e 6-2) aquele que no imediato classificou como “o encontro mais importante da carreira” ao superar um arranque equilibrado contra Otto Virtanen (171.º ATP), o outsider que desempenhou um papel fundamental na vitória da Finlândia contra o Canadá, campeão em título.
Mais longe de casa do que qualquer país entre os oito que viajaram até Málaga, onde pela primeira vez uma fase final acontece sem a anfitriã (a Espanha foi eliminada na fase de grupos de setembro, em Valência), a Austrália também esteve em minoria nas bancadas. Mas nem o nervosismo, nem o favoritismo, nem o ruído nórdico abalaram Popyrin, que resistiu com nervos de aço à ocasião. O número 40 mundial foi o primeiro a enfrentar um ponto de break e logo numa altura em que era, em simultâneo, um set point, mas anulou-o e a partir desse momento tirou proveito de um ténis agressivo, com várias subidas à rede em momentos decisivos, para fazer a diferença. A vitória no tie-break correspondeu à tomada de ascendente que já se adivinhava e o segundo set nunca esteve em discussão.
Com o primeiro passo dado, o favoritismo de Alex de Minaur sobre Emil Ruusuvuori cresceu e o australiano — que vive e passa mais tempo em Alicante do que no país de origem — faz o que lhe competia com distinção.
6-4 e 6-3 foram os parciais do segundo triunfo da semana, este bem mais folgado do que aquele que, na quarta-feira (4-6, 7-6[2] e 7-5 sobre Jiri Lehecka), permitiu ao conjunto dos antípodas igualar a eliminatória dos quartos de final contra a República Checa.
Se a melhor temporada do australiano (vai fechar a época como 12.º classificado no ranking) já lhe dava razões suficientes para partir confiante para este duelo, as dúvidas em torno da forma do finlandês (o número 69 mundial não atuou nos quartos de final por causa de uma lesão no ombro) reforçaram-no.
Como que a desafiar as probabilidades, o primeiro frente a frente entre ambos ainda começou com uma quebra de serviço favorável a Ruusuvuori. Mas, tal como no exterior do Palacio de Deportes José María Martín Carpena em pleno lusco-fusco, foi sol de pouca dura: a reação foi imediata, deu a um dos grandes favoritos do público durante toda a semana cinco jogos consecutivos e ditou a tónica do resto do embate, o arsenal mais abrangente e a velocidade distintiva a darem a De Minaur os elementos distintivos de que precisava para vencer a tempo de ser notícia em casa logo pela manhã.
Em segundo lugar (atrás dos Estados Unidos da América) nas listas de mais finais e títulos, a Austrália passou 19 anos sem figurar na discussão da Taça Davis. Agora, está pela segunda vez seguida na final e em 2023 tentará fazer o que lhe escapou em 2022: erguer pela 42.ª vez a famosa “saladeira”.
A tarefa não se adivinha nada fácil, pois do outro lado estará ou a Sérvia, de Novak Djokovic & companhia, ou a Itália, de Jannik Sinner & companhia, que se enfrentam a partir das 12 horas locais (menos uma hora em Portugal Continental) de sábado.