OEIRAS — Chegaram como principais favoritos ao título masculino da 99.ª edição do Campeonato Nacional Absoluto e vão dividir o court no último dia de competição. Henrique Rocha e Jaime Faria passam “365 dias por ano juntos” e o de 11 de novembro de 2023 podia ser somente mais um. Só que este sábado marca, igualmente, a estreia de ambos numa final individual da prova rainha do ténis português e no final só um vai sorrir. Pelo menos nos instantes seguintes à coroação, porque depois tudo regressará à normalidade.
São, porventura, os dois jovens mais promissores do ténis nacional. Jaime Faria é um ano mais velho (20), começou a dar nas vistas no profissionalismo mais cedo também por isso, mas recentemente foi Henrique Rocha a disparar para um estatuto talvez impensável no início da temporada — ascensão hierárquica de quase 600 lugares, com cinco títulos ITF em seis decisões.
Em três dessas finais, Rocha superou o amigo (Vila Real de Santo António, Beloura e Tavira), pelo que a última derrota do portuense aparece em 2021 (3-3 em encontro nacionais) e a série já vai com quatro triunfos consecutivos, três em três nas provas internacionais.
A presença em finais absolutas do Campeonato Nacional é terreno verde para ambos (Rocha nem sequer tinha vencido qualquer duelo de singulares anteriormente). Terá, por isso, o mano a mano relevo adicional? As opiniões dos protagonistas dividem-se.
“Os jogos foram bastante diferentes, eram condições distintas. Aqui o serviço e a esquerda podem favorecê-lo. Vai ser diferente”, apontou o mais novo, algo contrariado pelo futuro opositor. “Ele chega com ascendente e em rápido ganhou quatro títulos, leva uma bagagem diferente. Mas sinto-me a jogar melhor e posso criar desequilíbrios”.
O estatuto de underdog, como o próprio Faria fez questão de frisar, “tira pressão”. “É bom jogar com isso, mas não quero pensar demasiado nesse aspeto. Também quero assumir e ter obrigação de ganhar. Quero ser campeão nacional e mostrar serviço e para isso tenho de ganhar aos melhores. E o Henrique é o melhor do torneio”.
Para vencer o primeiro cabeça de série, o lisboeta não se sente tão pressionado como na antecâmara dos encontros ITF da presente temporada, isto apesar do “objetivo” de sair com o título no bolso. Rocha tem uma opinião diferente e mesmo que não haja pontos em jogo sente que “uma final do nacional é diferente”, com mais tensão. O certo é que como o atual número cinco nacional destacou, ambos são fortes nas discussões de troféus — às cinco em seis para o 281.º ATP, o amigo e colega de casa soma dois títulos em três finais internacionais.
“Amanhã se estiver com break abaixo [como esteve sempre esta semana] vai ser complicado. O Jaime serve muito melhor do que qualquer um dos que joguei. E eu não estou a servir bem e terei de o fazer”, sublinhou Henrique Rocha, que além do serviço “comprava agora a esquerda dele, é fascinante”.
Já Jaime Faria “comprava todas as direitas dele. E a mentalidade, o foco que tem a jogar, a visão de jogo e a deslocação”.
A admiração é mútua, a qualidade é conjunta, a amizade é forte, a ocasião solene e os duelos de esquerda contra direita decorrem logo depois da final individual feminina (com início às 10 horas) na nave dos campos cobertos do Complexo de Ténis do Jamor.