OEIRAS – Matilde Jorge e Inês Murta são de gerações diferentes, mas desde que a vimaranense de 19 anos apareceu nos meandros das melhores tenistas nacionais que estão, em conjunto, nas mais cotadas portuguesas dos últimos anos. Segredos entre ambas não existem, até porque têm partilhado uma vez por ano balneário ao serviço da seleção nacional. Engane-se quem pensa, porém, que o mano a mano entre ambas é extenso.
A meia-final do Campeonato Nacional Absoluto será, surpreendentemente, o segundo confronto entre ambas. Curiosamente, um duelo repetido da edição 2021 da prova, exatamente na mesma fase da competição. Na altura, com somente 17 anos, Matilde Jorge superou a mais cotada Inês Murta por 7-6(4) e 7-6(6) para atingir a segunda de três finais perdidas para a irmã Francisca Jorge.
“Raramente calhamos uma contra a outra, mesmo em provas internacionais”, sublinhou Jorge, num misto de constatação e surpresa.
Apesar disso, as duas conhecem perfeitamente a bola da próxima adversária. “Já treinei várias vezes com ela, até a semana passada e esta semana também. Ela está a jogar bem, está motivada depois de vir de lesão por voltar a competir”, realçou a mais nova, ciente do desafio que terá pela frente.
Agradecida por voltar a competir – as lesões tem sido um triste fado nos últimos anos, a derradeira uma fratura de stress no pedículo de uma vértebra -, Inês Murta está a cumprir o objetivo de competir o máximo possível. O desafio de acesso à final é a oportunidade ideal para “elevar o nível” frente a uma tenista numa fase melhor.
“Espero um encontro bastante duro. Não sei se ela está a fazer os resultados que gostaria, mas tem perdido sempre com muito boas jogadoras e sempre jogos duros. Até o ranking, que é muito melhor do que o meu, não representa o nível dela, que é bastante bom, até pelo que se vê nos pares”, enalteceu a algarvia, que viu Matilde Jorge aparecer na ribalta do ténis feminino nacional bastante nova e agarrar recentemente um estatuto que era seu nos últimos anos, o de principal perseguidora à número um nacional.
Atualmente no posto 858 WTA, Murta chegou a ser 546.ª, cotação semelhante à atual de Matilde Jorge (538.ª, 529.ª em setembro). “Em termos de ranking sou favorita, mas a Inês esteve muito tempo lesionada. Não houve muito tempo seguido com as duas bem e saudáveis a competir. Nos momentos em que tenho melhor ranking, ela tenho estado lesionada. Estamos as duas a jogar bem, posso ser a favorita teórica, mas sinto que não estou com a pressão de ganhar”.
E se o mano a mano podem fixar-se num dilatar de vantagem para Matilde Jorge ou num empate nos confrontos, a vitória nesta sexta-feira terá também o condão de desempatar o número de finais individuais no Campeonato Nacional Absoluto: Inês Murta atingiu o encontro decisivo em 2014, 2015 e 2020, ao passo que Jorge em 2019, 2021 e 2022. Ambas vão em busca do primeiro título.